O que nos faz brasileiros?
Como uma cultura tão diversa provoca um sentimento tão forte de pertencimento nos brasileiros no exterior
O dia 7 de setembro de 2024 marca o 202º aniversário da declaração de independência do Brasil, realizada nesse mesmo dia em 1822.
Nesses 200 anos de história, a imigração, que teve início em 1500 com a chegada dos portugueses, teve grande importância na composição socioterritorial do Brasil. Italianos, japoneses, árabes, alemães são apenas algumas nacionalidades entre os milhares de imigrantes que escolheram o nosso país como casa, onde construíram suas vidas e criaram as suas famílias.
Isso sem contar com a imigração forçada de milhares de africanos escravizados, obrigados a deixar seu continente para nunca mais voltar.
Além de uma país populoso, o Brasil é um país vasto, com espaço de sobra para abrigar todas essas culturas e diversidade que ajudaram a construir o país que conhecemos. Quem cresce lá, sabe que o regionalismo é forte. Em Blumenau, no sul, acontece a maior Oktoberfest fora da Alemanha. Em São Paulo, existe um bairro inteiro, Liberdade, dedicado à cultura japonesa. O estado da Bahia é conhecido pela cultura negra vibrante, com muita influência africana na culinária, na música, e na religião.
Mas se somos tão diferentes, o que nos faz iguais? Imigrantes brasileiros de todas as regiões se tornam uma só comunidade, não importa onde estejam, quando deixam a pátria amada.
Gabriela Mendes tem 21 anos, vive em Boca Raton, na Flórida, mas não abre mão do contato com a cultura brasileira.
"Conheço e convivo com muitos brasileiros onde vivo", conta a capoeirista de Sorocaba (SP). "Para suprir a saudade, vou para shows de cantores brasileiros onde a comunidade se encontra, frquento restaurantes brasileiros"
Melanie Landgraf, de 23 anos, de São Sebastião (SP) mora ainda mais longe do Brasil, em Munique, na Alemanha, mas também sente o peso de viver em outro país.
"Sinto muita falta das pessoas, da alegria do brasileiro, como somos simpáticos, espontâneos", explica. Para a saudade, a receita é quase a mesma. "Música, ir pra festas e lugares brasileiros, comida, e estar sempre junto com brasileiros."
Quando questionadas sobre o que temos em comum a resposta é vaga e abrangente.
"Acredito que temos em comum o calor", tenta definir Gabriela. " O jeitinho", afirma Melanie.
Chame de charme, de malandragem, de axé, de ginga, borogodó, realmente é difícil de definir, esse " je ne sais quoi" que une pessoas tão distintas, mas tão iguais a alguns milhares de quilômetros de casa. Mas se sabe que ele existe, e que dá para sentir na pele e no coração quando compartilhamos esse sentimento com os outros.