Em um período quando a fotografia era analógica e os processos de captura e revelação eram longos e caros, quantas fotos uma pessoa era capaz de acumular, ao longo de cinco décadas? No caso do fotógrafo paraense Luiz Braga, o baú tem uma abundância de cores e intimidade entre ele e as pessoas retratadas.
Essa é uma das sensações provocadas pela exposição Arquipélago Imaginário, no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo, que
exibe 258 fotografias, sendo 190 delas inéditas do fotógrafo.
"O que está lá é, antes de tudo, uma grande manifestação de afeto por essas pessoas e esses lugares", sintetiza Braga, destacando que teve contato com muitos dos fotografados não apenas um par de vezes, mas dezenas, o que o permitiu clicá-los em diferentes circunstâncias.
A verdade é que Braga descomplexifica uma série de densos melhoramentos, tanto na via técnica como na relacional. Ele ganhava dinheiro com o trabalho e, depois que consumia uma parte para garantir o sustento, usava o restante para continuar tirando fotos.
Essas não comerciais e que
fazia por contentamento e como exercício de sensibilidade. Isto é,
fazia as fotos sem nenhum incentivo ou apoio financeiros.
Luiz Braga iniciou a carreira em 1975, com fotos em preto e branco, fazendo uma transição para as coloridas em 1980"Não foi encomenda, não tinha uma pauta. Foi somente para me expressar, me enxergar no mundo e me relacionar com o outro", esclarece.
. O conjunto no espaço do IMS é, segundo ele,
mais do que um punhado de registros, pois o público se depara com algo que "extrapola o registro".
Braga comenta, ainda, que, mesmo já gozando de certo prestígio no mercado de fotografia, decidiu parar de aumentar o portfólio, o que reconhece ter sido "uma aposta arriscada". A mudança de ventos que veio em seguida acabou favorecendo a fotografia, ampliando ainda mais sua popularidade.