Esta sexta-feira (21) é mais um dia de festa para a Orquestra Ouro Preto (OOP). Entre os eventos de comemoração pelos seus 25 anos, o grupo faz o lançamento, nas plataformas digitais, do seu 22º álbum, Orquestra Ouro Preto: Villa-Lobos, Piazzolla e Mehmari, que reúne interpretações de compositores brasileiros e internacionais.
Com sucesso internacional e forte presença nas plataformas digitais, o grupo prepara ainda uma adaptação em ópera do livro Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva, que será apresentada ao público pela primeira vez na Praia de Copacabana, em junho.
O início da trajetória, iniciada em 2000, foi no interior de Minas Gerais. Ao longo dos anos, a Orquestra foi ampliando suas atividades até se tornar um dos grupos mais inovadores e permanentes do Brasil. A valorização da música brasileira e a democratização do acesso à arte marcam a jornada da Orquestra, que incentiva também a renovação de repertórios nacionais.
A celebração do jubileu de prata do grupo neste ano contou com uma turnê por países da Europa, com participação do cantor e compositor Alceu Valença. As apresentações em teatros de Paris, Londres, Berlim, Utrecht, Barcelona, Porto e Lisboa tiveram ingressos esgotados.
Não à toa, o reconhecimento em palcos internacionais, reflete no número de fãs ao redor do mundo.
Nas redes sociais e plataformas digitais, a orquestra é a mais ouvida da América Latina, superando 240 mil seguidores no Instagram, mais de 100 mil ouvintes mensais no Spotify e milhares de acessos no YouTube.
Novo álbum
A Bachiana Brasileira nº 9, do mestre Heitor Villa-Lobos, é um dos destaques do novo trabalho. Na interpretação, a Orquestra mantém a sofisticação e a identidade da obra original. O álbum traz ainda o bandoneonista e compositor argentino Astor Piazzolla, com a música Suíte del Ángel, em arranjos inéditos de José Carli, que além de parceiro do compositor, contribuiu para um dos períodos mais importantes da música latino-americana.
Com uma criação inédita inspirada nos sonetos atribuídos a Vivaldi em As Quatro Estações, a música Canções para as Estações, do pianista, compositor e arranjador André Mehmari é mais uma atração do disco. A voz da soprano Marília Vargas, confere uma abordagem inovadora e emocionante à interpretação. Na visão de Mehmari, a obra junta a música barroca e a arte da canção, duas de suas grandes paixões.
“É uma grande alegria saber que uma composição minha tem um registro tão brilhante e belo, feito com tanta competência artística e técnica pela Orquestra Ouro Preto. Acho que essa obra é das mais representativas composições de minha autoria em tempos recentes: ela mostra da maneira mais clara a minha paixão pela música barroca, pela representação dos afetos expressos por palavras em gestos musicais”, contou em texto divulgado pela OOP.
Apresentação de aniversário
O aniversário de 25 anos da orquestra foi celebrado em sua própria casa, a Casa da Ópera de Vila Rica, atualmente Teatro Municipal de Ouro Preto, no centro da cidade histórica, na segunda-feira passada (17). O prédio é nada menos que o teatro mais antigo das Américas em funcionamento, cuja obra foi concluída em 1769 por uma iniciativa do construtor João de Souza Lisboa.
No repertório exibido na noite de aniversário, a Orquestra Ouro Preto abriu com a Sinfonia 27, segundo movimento de Joseph Haydn. Em seguida, se deu a entrada no palco do bandoneonista argentino Rufo Herrera, de 91 anos, para uma participação especial. Em um momento emocionante, ele participou da execução das músicas El Choclo, a primeira tocada pela OPP no início da sua trajetória, e La Cumparcita.
“Essa orquestra foi formada pelo meu pai, Ronaldo, e pelo Rufo Herrera, um compositor que toca bandoneón. Ele saiu da Argentina, fez um trabalho incrível em São Paulo, incrível em Belo Horizonte e veio parar em Ouro Preto para ajudar na formatação inicial da Escola de Música”, homenageou Rodrigo Toffolo, regente titular e diretor artístico da Orquestra.