Cristina Boner analisa 2022: Crise – Risco ou Oportunidade
Segundo compartilhou Cristina Boner a empresária do mercado de tecnologia, estamos vivendo o maior desafio do ponto de vista da saúde e da economia dos últimos séculos, uma combinação da gripe espanhola de 1918 somado a grande depressão decorrente do crash da bolsa em 1929. Os desdobramentos da crise para o ano de 2022 depende de variáveis que não conseguimos estimar.
Agravado pela velocidade das redes sociais, a pressão aumenta muito com a avalanche de informações, fake news, discursos e narrativas pouco confiáveis. Na tentativa de mitigar a propagação da pandemia, governos determinaram o fechamento de todas as atividades não essenciais o que agravou a situação da cadeia logística mundial. Neste momento, a única certeza que temos é que as coisas não voltarão a ser como foram. Não à toa criaram a expressão “novo normal” que em verdade, significa apenas um momento de transição.
Os efeitos da pandemia, acertou os diversos setores da economia em estágios diferentes. Temos atualmente um enorme contingente de brasileiros informais que não tem capacidade de gerar renda, trabalhadores formais e pequenas/médias empresas que tem poucas reservas, portanto sem folga de caixa e uma pequena quantidade com lastro para suportar essa crise.
A consequência desta decisão será nefasta, dado o contexto da economia brasileira que vem de um longo período de amarga recessão, quadro fiscal negativo e baixo crescimento industrial. São elas: Desemprego, Falência de Empresas, Redução da produção industrial, Diminuição do consumo.
Sem dúvida, os efeitos tanto para as famílias e empresas ao final serão igualmente perversos.
A solução da crise, embora não haja consenso, requer urgência e união de todos. O maior desafio é fazer a economia funcionar sem prejuízo da saúde das pessoas.
Ocorre que os cenários mudam com muita velocidade em ambos os aspectos.
Se do lado humanitário as previsões e indicadores se alternam ora com viés positivo ora com viés pessimista, as previsões de perdas econômicas e diminuição do crescimento do PIB mundial e retração da atividade econômica parece certa e assusta pela velocidade com que se materializa.
Para amortizar essa retração econômica, fala-se da necessidade de aumentar os gastos dos agentes da economia. Mas segundo Cris Boner , qualquer solução viável passa pela administração de escassos recursos, ou seja, não há dinheiro novo. Artigo(s) enviado pelo(a) autor(a) Cristina Boner | Contabilidade Valqueire
Sob o ponto de vista econômico a pergunta que não quer calar: “é possível voltar à crescer no menor tempo possível?”
Sim é possível! Contudo receitas de bolo tradicional tais como aumentar o gasto público com investimento em obras; promover benefícios sociais; socorrer as empresas privadas devem ser pensadas e planejadas envolvendo todos os atores importantes deste jogo como Governos, bancos, empresas públicas e privadas.
Aos governos caberia a função social , destinando seus recursos para garantir ao sistema de saúde mesmo que precário, atender o maior número possível de pessoas afetadas pelo COVID19, turbinar os programas sociais existentes garantindo a distribuição dos recursos aos necessitados que estão fora da rede de proteção social, aos aposentados e flexibilizando a política fiscal e monetária.
Já o sistema financeiro, dizem Cristina Boner e Bruna Leo entenda-se , os 5 grandes bancos , deveriam irrigar o mercado com a renegociação e suspensão do pagamento de créditos contratados, abertura de novas linhas de crédito de capital de giro com prazos maiores. Um enorme desafio neste momento é como tratar a pressão inflacionaria versus o aumento das taxas de juros. Isto porque, estas variáveis do mercado estão indo em direção contaria, pois, a elevada inflação traz a perda de poder aquisitivo das empresas e famílias e o banco central para segurar a inflação aumenta a taxa básica de juros que freia o consumo reduzindo as chances de crescimento significativo do PIB.
É importante considerar que juros baixos são alavanca para assegurar o crescimento das empresas, a manutenção da atividade produtiva e o emprego, e serve ao propósito de dar fôlego financeiro aos que possivelmente vão enfrentar dificuldades no início de 2022.( pequenas e médias empresas por exemplo)
No que tange as corporações, estas se tornaram mais relevantes. Neste cenário adverso é preciso que ajudadas pelo sistema financeiro, para manter receitas e estimular à demanda lancem mão de promoções e descontos especiais para incentivar empresas e pessoas a consumirem; invistam em capacitação de recursos e tecnologias para operarem com maior eficiência e menores custos, preservando empregos. Existe uma forte correlação entre emprego e PIB, e é fundamental que as empresas mantenham os salários e inclusive contratem novos trabalhadores. Certamente isso pressionará seus lucros, mas a ideia central é que estamos todos no mesmo barco.
Vale observar que em chinês, a palavra “crise” é constituída por 2 caracteres representam "risco" e "oportunidade. Veja mais: A próxima pauta
A economia global hoje enfrenta duas deficiências prementes neste momento: na ponta da oferta faltam produtores na ponta da demanda consumidores. Todas as ações acima, tem o condão de ser uma alavanca para reativar o tecido produtivo de uma economia conectada e global. A prosperidade econômica é a primeira fonte e preliminar para uma saúde sustentável por isso o Governo deve relaxar as restrições à circulação e organizar a mobilização da massa de trabalhadores retidos em suas casas. Reativar o funcionamento das empresas e reabilitar o emprego desencadearia um círculo virtuoso que traria de volta o equilíbrio ao mercado, pois permitiria aumentar tanto a oferta quanto a renda familiar que desembocam no consumo, ou seja, na demanda.
Podemos com essas atitudes escolher sair desta crise como estatística ou como protagonista.
Veja também http://tribunadonorte.com.br/noticia/como-ajudar-imigrantes-refugiados-a-achar-emprego-e-oportunidades