Emprego, investimento, campanhas: como brasileiros ajudaram a transformar a FL em 2019
Em meio às indagações de sua verdadeira origem, há dois anos o brasileiro se mudou para Cumberland, Rhode Island, de onde tenta encontrar seus pais biológicos.A "adoção"
"Como muitas crianças, cresci inserido numa família formada de pai, mãe e irmãos. Ainda criança, mas já observador, percebia as minhas diferenças físicas em cor, estatura, comparados aos meus pais e irmãos. Sabia que eu era um filho de coração, adotado. Cresci sabendo que era filho adotivo do Senhor Arquimedes e da Senhora Zedir. A história contada por meus pais adotivos era que meus pais biológicos haviam me deixado com eles ainda bebê, prometendo voltar para me buscar, mas fatalmente morreram afogados num navio e eu fui acolhido e adotado por eles.A revelação
Aos 40 anos, trabalhando embarcado e fora do país, Monteiro recebe a notícia que a irmã Mariluze Monteiro estava muito doente, já no leito de morte e chamava por ele. "Embarquei para o Brasil e foi quando ela me revelou a verdadeira história sobre a procedência de minha família biológica", conta Monteiro. Antes de falecer, a irmã adotiva lhe revelou que seus pais biológicos não morreram afogados, eles poderiam estar vivos e se chamavam Frank Will Fastener e Rosana. Eles o tinham deixado quando bebê e retornado para os EUA. "Minha irmã disse que quando me deixaram, a mulher era brasileira, mas o homem falava uma língua estrangeira. Eles teriam me deixado com meus pais adotivos e partiram para os EUA, mas disseram que pagariam as despesas dos meus cuidados até que regressassem ao Brasil para me buscar. Eles foram umas duas vezes, mas depois de um tempo não voltaram mais", relata.Concurso oferece bolsas de estudos para brasileiros na Flórida
Passaram 7 anos e como não houve nenhum contato, o casal brasileiro decidiu registrar em cartório a criança como seu filho. "Em 1975, já aos 7 anos, fui registrado como Flávio Cesar Monteiro, filho de Srº Arquimedes e dona Zedir. Afinal, em qualquer local que eu estivesse, hospital, escola, seriam cobrados de minha certidão de nascimento", relata.Mesma área profissional do pai biológico
A vida seguia. Já adulto, Monteiro se identificou pela profissão marítima sem ter a ideia que o suposto pai biológico era oficial da Marinha dos EUA. "Pelas informações que apurei até hoje, meu pai serviu à Marinha dos EUA. Em 1984, deixei minha família adotiva e fui para o Estado do Rio de Janeiro, onde concluí o curso de Marinheiro de Convés e a partir daí comecei a viajar pelo mundo através do trabalho. Jamais pensei que ele também fosse da Marinha", conta.Vínculos familiares se perdendo
Com a morte da mãe, pai e irmã adotivos, Monteiro ficou ainda mais atordoado pela notícia de que poderia encontrar seus pais biológicos. "Contaram tudo o que havia acontecido e pediram que eu fosse em busca de meus pais biológicos", relembra. "Hoje tenho 51 anos e sou muito grato à minha mãe Zedir e ao meu pai Arquimedes, que passaram tantas dificuldades para cuidar de seus cinco filhos. Depois que soube de toda essa história, minha vida mudou, não consegui mais me dedicar aos sonhos da profissão naval e passei viver em busca da minha verdadeira família. Sigo a vida buscando uma outra história para contar. Monteiro confessa que o fato de saber que foi abandonado, o abalou muito psicologicamente. "Queria entender por que fui abandonado".Tentativa de contato
Há três anos, Monteiro foi informado de que um homem com o nome do seu pai vivia na cidade de Alcoa, no estado do Tenneesse. Ele então decidiu pedir ajuda para a polícia do estado que abriu uma uma investigação. Agentes chegaram a ir com ele até uma residência. "Já fui ao local informado no telefonema e realmente lá residia um homem identificado por este nome. No entanto, ele estava hospitalizado e não fui permitido ter contato com ele, pois fui impedido por seus familiares", detalha. Segundo Monteiro, a polícia não vem repassando a ele informações sobre a investigação. Para ele, a família está escondendo algo. "Não sei o que é, mas fiquei ainda mais cismado e quero saber o motivo. Tem algo por trás e quero saber. Meu pai pode estar em coma, pode estar mal. Eu não sei e não vou me cansar até saber sobre a minha história". Além da polícia, Monteiro entrou em contato com advogados, que segundo ele, se recusaram a cuidar do caso. "Acho que tem a ver porque ele (o pai) é oficial aposentado da Marinha dos EUA", aponta. Como contato mais recente, Monteiro disse que falou ao telefone com uma pessoa chamada Shirley que seria uma das filhas do americano. Na ocasião, ela teria confirmado que o pai trabalhava para a marinha americana e que viajou para o Brasil na década de 70. Segundo Monteiro, a família apagou páginas nas redes sociais, o que dificulta o contato e essa possível irmã estaria morando em Chicago, mas ele também não consegue mais falar com ela. Tudo o que ele sabe é que uma mulher de origem tailandesa que atendeu à porta e às tentativas de contato telefônico parece não querer a aproximação dele. "Eu só quero que essa história rode o mundo e eu possa conhecê-lo. Quero saber qual minha verdadeira história. Como, quando e onde eu nasci? E agora que estão resistindo à minha aproximação, quero o DNA também. Preciso saber quem é o meu pai e minha mãe e o que aconteceu com eles", desabafa. O Gazeta News entrou em contato com a polícia de Alcoa, mas não houve retorno até o momento da publicação desta. Quem tiver qualquer notícia sobre os pais de Monteiro, favor encontrar em contato com a redação do Gazeta News pelo telefone (954) 938 9292 ou pelo email [email protected]