Continuamos sem muitas notícias sobre a reforma imigratória, mas este tem sido um assunto central na campanha eleitoral por todo o país.
A imigração tem sido tema de troca de acusações entre os dois partidos. Na Geórgia, por exemplo, a candidata democrata Michelle Nunn tem se defendido de acusações de que ela é “pró-anistia”.
Com a briga pelo controle do Senado cada vez mais quente, em New Hampshire, a senadora Jeanne Shaheen viu sua briga pela reeleição ficar mais acirrada depois que o republicano Scott Brown lançou uma série de propagandas acusando-a de votar, em 2010, pelo DREAM Act, que teria dado status legal para alguns jovens imigrantes.
É por isso que muitos veem como positivo o adiamento de Barack Obama, que decidiu usar seu poder executivo para transformar as leis de imigração somente depois das eleições de novembro – e antes do final do ano, segundo afirma a Casa Branca. Isso tem favorecido democratas, que se sentiam vulneráveis na briga acirrada pelo controle do Senado.
Embora o adiamento tenha gerado descontentamento entre muitos ativistas, muitos democratas em brigas acirradas ficaram aliviados, na esperança de que este anúncio esfriaria um pouco a fúria das propagandas políticas das bases republicanas, principalmente em estados com poucos eleitores latinos.
Mas os republicanos insistem que a imigração ainda é um problema em potencial em muitas campanhas pelo Senado. Eles continuam afirmando que o presidente meramente adiou sua ameaça de usar o poder executivo e poderá ainda dar status legal para milhões de pessoas que estão no país ilegalmente.
Ou seja, o tema serve como uma forma de atacar os democratas quando conveniente, embora seja algo que afeta muito a comunidade latina do país, um eleitorado poderoso e crescente. Potencialmente, o que está em jogo é o controle do Senado, que os republicanos conseguirão o controle se conseguirem ganhar seis assentos.
O perigo, para os democratas, é que esse tipo de argumento cai bem em todo o país, dado que o eleitorado das eleições de metade de mandato é geralmente mais conservativo do que nas eleições presidenciais. Ao mesmo tempo, este tipo de campanha poderá ficar na memória dos eleitores latinos, que serão peças-chave para que os republicanos reconquistem a Casa Branca em 2016.
Mas a demografia também está a favor dos republicanos na campanha pelo Senado: latinos são 5% ou menos da população em oito dos nove estados onde o controle do Senado está em jogo: Alaska, Arkansas, Georgia, Iowa, Kentucky, Luisiana, Michigan e Carolina do Norte. A única exceção é o Colorado, onde um pouco mais de 14% do eleitorado é latino, de acordo com artigo do “Tribune Newspapers”.
Somente os próximos meses dirão se a atitude do presidente de esperar após as eleições será de alguma forma benéfica para a administração. Enquanto isso, milhões de imigrantes aguardam pela reforma imigratória como um presente de Natal.