Eleições nos EUA e no Brasil: As diferenças dentro de duas democracias - Editorial
No dia 4 acontecerão as eleições de meio mandato nos Estados Unidos, onde serão escolhidos governadores estaduais, representantes do Congresso, emendas constitucionais, entre vários outros cargos.
Na Flórida, a disputa pelo governo entre o democrata Charlie Crist e o republicano Rick Scott está fazendo com que muitos temam pela “R word”, como dizem os americanos. “R” nesse caso não significa “republicanos”, como muitos imaginariam, mas “recontagem”.
Ao contrário do Brasil, que tem o que muitos chamam de um dos sistemas eleitorais mais modernos e desenvolvidos do mundo, quando há um quase empate de meio ponto percentual ou menos nos EUA, há recontagem de votos. Em 2000, nas eleições presidenciais, a Flórida passou pelo pesadelo da recontagem por cinco semanas. Quem vive nos Estados Unidos escuta sempre o quanto a democracia está em primeiro lugar, algo que o imigrante, ao chegar de diversas partes do mundo, aprende a valorizar.
No Brasil, uma democracia ainda recente, vê-se a revolta nas redes sociais, com expressões de preconceito e denúncias de possíveis fraudes nas urnas eletrônicas. Há relatos de inúmeros eleitores que foram votar em outro candidato, quando encontraram na urna eletrônica o número 13, referente à candidata vencedora.
Expressões de preconceito e essas denúncias mostram o descontentamento de quase metade do eleitorado em um país que tem interesses cada vez mais divididos. Mas a democracia é viver em harmonia com as diferenças sempre.
No entanto, não vimos a tolerância e respeito quando uma enxurrada de comentários preconceituosos contra nordestinos tomou conta das redes sociais – sobretudo no Twitter – na noite do dia 26, logo após a confirmação da reeleição de Dilma. As provocações se referiram à preferência geográfica por Dilma em regiões que recebem a Bolsa Família do governo.
Muitos brasileiros que vivem nos EUA lamentaram o resultado das eleições e o comportamento nas redes sociais. Afinal, sendo do Sul ou do Nordeste, o imigrante aprende a ver o mundo de outra forma quando sofre na pele o preconceito e aprende a ter humildade em diferentes situações. Como dizem os EUA, esse é um país formado por imigrantes. Claro que existe preconceito em todas as partes, mas vejo mais maturidade na aceitação das diferenças em uma democracia mais antiga.