Editorial: O mundo e a violência contra a mulher
Os casos de feminicídio íntimo têm crescido nos últimos anos entre as grávidas, segundo relatos de polícia e registros médicos coletados pela OMS.
A ONU estima que, no mínimo, 5 mil mulheres são mortas por crimes de honra no mundo por ano. Os assassinatos ocorrem de diversas formas, como por armas de fogo, facadas e estrangulamentos; também sendo comuns que as mulheres sejam mortas queimadas, apedrejadas, obrigadas a tomar venenos e jogadas pela janela.
Algumas instituições calculam que 25 mil mulheres recém-casadas são mortas ou mutiladas a cada ano, como resultado da violência relacionada ao dote. Neste caso, grande parte das mulheres tem o corpo incendiado.
O dia 10 de outubro é o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher no Brasil. Uma data que nasceu na década de criação do Viva Maria, ou seja, nos anos 1980, quando o movimento de mulheres ganhava as ruas e praças para denunciar o aumento dos crimes contra as mulheres em todo o Brasil.
Violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, conforme definido no artigo 5o da Lei Maria da Penha, a Lei nº 11.340/2006, no Brasil. A Lei é considerada a terceira melhor do mundo no combate a violência contra a mulher. Achar que é uma prerrogativa do parceiro ‘disciplinar’ ou ‘controlar’ a mulher ou que ela é a única responsável pelas tarefas domésticas e de cuidado com as crianças e idosos são exemplos de como papéis rígidos de gênero podem ser utilizados para ‘justificar’ a violação do direito das mulheres a uma vida livre de violência.
Em consequência disso, no Brasil, 3 em cada 5 mulheres já sofreram algum tipo de violência dentro de relacionamentos e onde 56% dos homens já declararam ter cometido algum tipo de violência contra mulheres, dentre empurrões, xingamentos, socos e tapas. (Data Popular/Instituto Avon2014).
Após agressão, a luta Após o relato da agressão em um vídeo no facebook (vide matéria na página 6), Kariza Fernandes vem recebendo apoio de várias mulheres, inclusive relatos de outras mulheres que também sofrem ou já sofreram agessão física eou verbal dos parceiros. “Muitas delas eu conheço e não sabia que já haviam passado por isso no passado. Muitas que não conheço também estão agradecendo pela coragem em me expor e dizem que estou servindo de inspiração para possíveis futuras vítimas”, diz.
Após receber mais de 100 mensagens e relatos de mulheres de várias nacionalidades, Kariza está planejando abrir uma ONG para unir forças com mulheres do mundo inteiro. “Estaremos aliadas a advogadas que ajudarão vítimas de violência doméstica a se legalizarem nos Estados Unidos - eu me legalizei dessa forma e já ajudei amigas em situações parecidas - os Estados Unidos oferecem muitos recursos para vítimas de abuso. Seja psicológico ou físico”, explica.
A brasileira pretende abraçar a causa e lutar para ajudar outras mulheres na mesma situação. “Eu sempre quis participar e ajudar uma causa humanitária, mas nunca me identifiquei com nenhuma até tudo isso acontecer. Agora tenho 100 % de certeza da minha missão na Terra, e quero ajudar o máximo de mulheres possível. Que o mundo todo se conscientize e que essas vítimas passem por cima dos traumas, não se sintam envergonhadas e não se calem sobre um assunto tão importante”, destaca.