Dando “férias” às desavenças - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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Pensando na época do ano, a decisão de colocar em vigor uma lei que proíbe a alimentação de homeless em público tenha sido a pior publicidade nacional e internacional para a cidade de Fort Lauderdale. O caso veio à tona durante o mês de novembro, quando o veterano Arnold Abbott, de 90 anos, foi repreendido diversas vezes por prosseguir com sua rotina há mais de 22 anos: alimentar os sem-teto da cidade em um parque de frente para o mar, no centro de Fort Lauderdale, duas vezes por semana. Mesmo com a polícia presente, ele repetiu que nada o impedirá de fazer isso enquanto ele estiver respirando.

A notícia tem gerado tanta controvérsia que esta semana o grupo Anonymous declarou que foi o responsável por tirar o site da cidade do ar no dia 1º. No dia seguinte, um juiz de Broward ordenou que a lei fosse interrompida por 30 dias para que os dois lados – de um, a cidade, e de outro a organização do Sr. Abbott, Love Thy Neighbor – fizessem uma mediação.

A mediação existe para que as duas partes cheguem ao meio do caminho, ou a um consenso. O prefeito de Fort Lauderdale, ao comentar a decisão do juiz, disse que apesar de não entender o por quê, imagina que um dos motivos para isso é a chegada das festas - momento em que mais pessoas voltam a atenção a entidades como a de Abbott, para fazer serviços voluntários ou ajudar financeiramente. Não existe período melhor que esse para se fazer uma mediação.

Há poucos dias, um júri decidiu que o policial que matou o jovem Michael Brown não será julgado, causando uma onda de violência em Fergusson, Missouri. Com essa história, a questão entre negros e brancos no país voltou a ser discutida com mais ênfase.

Em novembro, republicanos conseguiram a maioria da Câmara e prometem dois anos de forte oposição ao governo Obama. No mesmo mês, o presidente Barack Obama anunciou uma Ordem Executiva com uma série de medidas sobre a imigração, gerando mais discussão – e extremismos, claro, sobre a questão.

Quando uma ideia é extrema, a tendência é sempre defendê-la com extremismo, a exemplo das reações em Fergusson, que explodiu em uma onda de violência por dias na cidade. Foram meses extremos, com notícias que têm colocado um contraste a dois lados de questões históricas no país, o racismo e a imigração.

Com a chegada do fim do ano, vem a hora de refletir sobre cada uma dessas questões, despoluindo nossas cabeças de opiniões e criando, em primeiro lugar, a consciência de que realmente existem as diferenças.