Costa Neto confirma caixa 2 do PT na campanha do PL

Por Gazeta Admininstrator

O presidente do PL, ex-deputado Valdemar Costa Neto, confirmou em depoimento na CPI do Mensalão que fez um acordo de R$ 10 milhões com o PT nas eleições gerais de 2002, mas que o PT só lhe pagou R$ 6,5 milhões, sendo apenas R$ 1,7 milhão com recibo.

O ex-deputado apresentou matérias da imprensa de 2002 para mostrar que o acordo financeiro firmado entre o PL e o PT na campanha presidencial já era conhecido antes mesmo da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Valdemar disse que o motivo de o PL ter feito esse acordo financeiro foi a regra de verticalização. "A verticalização mudou tudo, pois obrigava o PL a fazer nos Estados a mesma coligação feita a nível nacional", disse. Com isso, disse, as campanhas do PL nos Estados seriam prejudicadas, a não ser que o partido recebesse ajuda para sustentar essas candidaturas.

Ele relatou que começou a receber do PT quando o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pediu que ele mandasse um emissário para falar com Simone Vasconcelos, funcionária da SMPB do empresário Marcos Valério, em Belo Horizonte. Disse que o primeiro cheque de R$ 500 mil foi repassado por Simone em favor da empresa Garanhuns Empreendimentos, empresa da qual, segundo ele, nunca tinha ouvido falar. Costa Neto disse que recebeu R$ 1,2 milhão pela Garanhuns. Ele acha que Delúbio Soares, também não tinha conhecimento do pagamento pela Guaranhuns. "O Delúbio também ficou surpreso", disse.

Ele afirmou que nunca teve motivos para desconfiar do PT e por isso continuou a recebeu as outras parcelas dos recursos. Segundo ele, quando começaram a aparecer dívidas de campanha, Delúbio lhe disse que faria um empréstimo para saldar essas dívidas e posteriormente iria legalizar o dinheiro. No entanto, reiterou que nunca viu uma "desorganização tão grande". "Eu vi que eles não iriam cobrir os compromissos com o PL nesse esquema", disse.

Mensalão
Ele repetiu que a história do mensalão foi criada pelo presidente licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ). "O envolvimento do PL no mensalão é invenção do Roberto Jefferson", afirmou. "Ninguém pegou para pôr no bolso. Foi para pagar campanha", disse. ele defendeu das acusações de Jefferson os deputados Paulo Rocha (PA); Professor Luizinho (PT-SP; João Paulo Cunha (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG) e o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG).

O presidente do PL revelou que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), promoveu, durante o recesso de julho, três reuniões com deputados do PTB para lhe pedir que retirasse o processo de quebra de decoro parlamentar contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) . Segundo relato de Costa Neto, ele disse que não ia retirar o processo e que a Câmara deveria acelerar a tramitação. "Não retiro o processo de jeito nenhum. Roberto Jefferson vai ficar oito anos sem mandato e banido da vida pública", disse. " Ele (Roberto Jefferson) não vai ficar descansando em Cabo Frio, vai pagar pelos seus crimes".

O presidente do PL disse que Roberto Jefferson o ameaçou, dizendo que ia expor a sua vida pública e particular e comprometer outros dirigentes do próprio PTB. Costa Neto disse também que renunciou ao seu mandato para defender o seu partido e para se libertar das ameaças de Jefferson.