Por Paulo Abreu*
Quem não se lembra da famosa saga escocesa BRAVE HEART (Coração valente) estrelada por Mel Gibson (1995) no papel de William Wallace, um camponês escocês que, na infância, assistira a morte de seu pai pelo exército colonizador inglês. William, então, é acolhido por um tio que lhe dá uma educação esmerada e erudita. Mas, o fato da opressão inglesa aliada à trágica morte de seu pai, faz com que William saia a viajar pelo mundo.
Cansado desta fuga, retorna à sua terra natal e se apaixona por uma simples jovem camponesa. Para escapar à deliberação real de que um senhor feudal inglês tinha direito a dormir com uma noiva no dia do seu casamento (direito deprima nocte), contraem matrimônio secretamente. Mas suas núpcias não saem como o planejado e sua esposa é morta por um lorde inglês e, no decorrer de seu sentimento de vingança, Wallace começa a liderar um pequeno grupo de camponeses com o intuito de libertar a escócia do poderio inglês. Luta com todas as suas forças (com o coração e a alma) e consegue grandes vitórias frente ao poderoso exército inglês. Por isso o filme é chamado ?Coração Valente?. Mas William fracassa em conseguir o apoio dos nobres líderes dos clãs escoceses mais interessados em manter as suas regalias junto da coroa inglesa. É preso e morto publicamente.
Gosto de histórias. As verídicas principalmente me atraem mais. Gosto de ler biografias. De ver e entender como pessoas comuns, iguais a mim, agiram e reagiram no seu tempo, diante de sua geração, aos problemas que enfrentavam. Posso passar horas lendo ou assistindo filmes desta natureza. Para mim são fontes muito inspirativas e orientativas para os problemas que enfrentamos.
Os problemas, em geral, são os mesmos. Mudam somente as dimensões, as épocas, as formas que se apresentam. Devido a estes fatores os problemas atingem dimensões menores ou maiores e suas intensidades podem ser desastrosas, calamitosas. Por isso as histórias passadas são muito interessantes. Em Coração Valente aprendemos como uma pessoa convive com a dor e a opressão (governamental) mesmo diante de atrocidades ? no caso, Williams conviveu com a morte de seu pai. E vemos como as consequências dessas atrocidades fomentam a alma da pessoa ferida, traumatizada. William poderia ter vivido assim para o resto de sua vida, como um simples camponês que teve seu parente morto, caso sua esposa não fosse morta também pelo mesmo exército que matou seu pai. Sua reação só aconteceu porque enfrentou a segunda perda mais importante de sua vida. Agora, ele tinha que reagir com toda sua fúria. Mesmo que não tivesse armas adequadas ou exército à altura. Sua motivação foi liberada pelo sentimento de vingança e algo precisava ser feito.
Quero trazer este pensamento ao nosso cotidiano como empresários e donos de negócios. Quero tentar imaginar nossa saga empreendedora na América. Como comerciantes e empreendedores enfrentamos muitas mudanças mercadológicas que várias vezes nos fazem caminhar em direções estranhas. Algumas vezes, somos obrigados a enfrentarmos sentimentos ruins de pressão pelas perdas que sofremos. Ninguém gosta de perder. Nosso desejo humano e pensamento de crescimento é uma vida de conquistas e não de derrotas. Mas, como nosso personagem da saga escocesa, vamos a cada dia acumulando um pouco de derrota e assim ?convivendo? com a dor.
O mundo de negócios é recheado de dias gloriosos e dias nebulosos. Ao cabo de cada dia, vivemos sentimentos muito variados. Alguns dias, desejamos que aquele dia BOM não acabe nunca, ficamos com a esperança deste dia ter pelo menos 72 horas de atividade para continuar colhendo os resultados positivos que ele vem trazendo.
Outros dias, entretanto, temos dias RUINS, que, logo na manhã, desejamos que aquele se finde o mais rápido possível. Que passe logo, que seis da tarde chegue mais rápido do que meio dia. Quantas vezes, ouvimos frases do tipo ?hoje está mais fácil dar meia noite do que seis da tarde? tal tem sido o dia ruim que desejamos que a saga deste dia termine e possamos respirar dizendo: Passou mais um dia e estamos vivos.
Outras vezes, em nossas atividades profissionais, vamos experimentando perdas significativas até o ponto onde Wallace decidiu reagir. Baseado na emoção. Com a motivação errada. E quem age somente com a emoção e principalmente com a motivação errada, pode até obter resultados parciais de vitória, porém, não vencerá de fato.
A motivação correta é aquela que nos leva a agir de maneira consciente, planejada, estudada e com as alianças bem estruturadas e estabelecidas. E foi justamente onde Wallace falhou. Ele não fez alianças com os nobres líderes de clãs. Ele foi enfrentar um poderoso exército inimigo (sua concorrência maior e mais forte) sem se alinhar com outros partidários (seus colegas que tinham outras empresas e que poderiam se auto ajudar em network). Wallace agiu pela emoção diante de uma batalha estratégica.
O aprendizado que tiro deste filme para que nossos negócios sejam bem sucedidos, são estes:
1 - Não aceite as perdas impostas pelo sistema, como algo comum. REAJA A ELAS.
2 - Não fique esperando o sistema mudar, a perda pode ser maior. AJA PROATIVAMENTE.
3 - Busque a motivação verdadeira. EMOÇÕES VARIAM E NÃO MANTÊM O FOCO.
4 - Faça alianças estratégicas. PARCERIAS E NETWORK.
5 - Enfrente as dificuldades com coragem. TENHA UM CORAÇÃO VALENTE.
Se você assistiu ao filme e consegue tirar outros aprendizados além dos que percebi, por favor, escreva-me para que o meu aprendizado seja maior: Sl1843consulting@hotmail.com
* Paulo Abreu - MBA em Marketing, Professor do (BATC), consultor de empresas e especialista em treinamento de vendedores, gerentes e administradores.