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Entrevista com o cineasta Eugene Jarecki sobre The King
Expandindo para o sul da Flórida na sexta-feira, dia 3 de agosto, o documentárioThe King. Um documentário musical sobre Elvis Presley, não parece um tema comum para Eugene e seu estilo de trabalho. O diretor já explorou a política externa dos Estados Unidos emWhy We Fightde 2005, e a guerra do país contra as drogas emThe House I Live Inde 2012, mas The King não é simplesmente um documentário musical. Quarenta anos após a morte de Elvis Presley, o novo documentário do duas vezes ganhador do Sundance, Eugene Jarecki, nos leva no Rolls-Royce 1963 do Rei do Rock em uma viagem musical pelos Estados Unidos. De Memphis a Nova York, passando por Las Vegas e outras cidades, a jornada traça a ascensão e queda de Elvis como uma metáfora para o país que ele deixou para trás. Neste documentário inovador, Jarecki pinta um retrato visionário do ‘Sonho Americano’ e uma penetrante análise de como chegamos aqui.Um panorama do contexto sociopolítico americano, uma nação que, como Elvis, começou jovem, bonita e promissora, mas sucumbiu ao longo do tempo às influências corrosivas do vício, dinheiro e poder. Eu tive a oportunidade de conversar com Eugene por telefone semana passada. E aqui estão trechos da entrevista: Jana – Por que você usou o Elvis Presley como metáfora para esse documentário? Eugene Jarecki – Elvis é muito mais que Elvis Presley. Elvis representa a América em grande escala. Elvis Presley representa ao mesmo tempo as obsessões, amores, fascinações, ambições do povo americano. Nossas contradições, ironias e lutas... tudo está lá embutido nele. Tudo começou com a ideia de que Elvis era jovem e lindo, e nós também somos. Mas também somos defeituosos, como ele era. Quando comecei a fazer o mapa da sua vida, virou uma rota, porque a vida de Elvis espelha bem a vida dos americanos. Começa na zona rural, vai para a pequena cidade urbana de Memphis, passa por Nashville, onde as culturas começam a colidir e depois vai para Nova York, o epicentro da mídia do mundo. Mas, tudo se complica quando Elvis se alista no serviço militar ao mesmo momento que os Estados Unidos se tornam um império militar. Jana – Você viaja a todos esses lugares com o Rolls Royce 1963 do Elvis.... Eugene – quando comentei com a minha família que queria sair pelo país dirigindo o Rolls Royce do Elvis, eles acharam que eu estava louco e tendo uma crise da meia idade. Eu tinha chegado a um ponto crítico do que pensava do país e de como eu penso de mim mesmo como cidadão. É muito claro para nós que algo aconteceu com o país em que vivemos. É necessário que paremos e olhemos para dentro de nós mesmos para entender melhor o que aconteceu e o que passou conosco internamente. Eu não tinha ideia de que apenas entrando no carro do Elvis, tudo ficaria mais esclarecido. Eu já tinha a ideia de trazer pessoas famosas e não famosas, de diferentes origens, entrando no carro com sua música, suas ideias, suas histórias. Pelo menos, eu iria capturar um retrato da nação visto através daquela janela, o que eu achei muito interessante para começar. Jana – Você acha que a metáfora do declínio de Elvis com o declínio do país ficou mais poderoso com o final do documentário o Trump ganhando as eleições? Eugene – Certamente! Podemos considerá-lo o inimigo de Elvis. O que ele representa desvendou tudo o que havia de bonito no ‘Elvis’: a comercialização da vida americana, onde tudo está à venda, a vulgarização da vida americana, entre outras coisas. Ele é uma personificação de tudo o que destruiu Elvis Presley. E o esmagamento do Elvis é o esmagamento da América e do ‘Sonho Americano’, do trabalhador e cidadãos americanos. A metáfora está lá. Ele se torna um rei e acabamos elegendo uma pessoa que tem muito dinheiro, mostrando, metaforicamente, as prioridades equivocadas de uma nação. TheKing foitambém escrito por Jarecki em colaboração de Christopher St. John e com entrevistas de Alec Baldwin, Ashton Kutcher, Chuck D, Ethan Hawke, Van Jones, Mike Myers, Dan Rather, entre outros.The Kingjá está em cartaz nas seguintes salas: emMiami, no Bill Cosford Cinema e Miami Beach Cinematheque; emPalm Beach County no Living Room Theaters/Boca, Movies of Delray, Movies of Lake Worth e Lake Worth Playhouse. #TheKingFilm