Diretor brasileiro David Schurmann fala sobre seu filme "My Penguin Friend"

Por JANA NASCIMENTO NAGASE

David Schurmann e equipe no set de filmagens do "My Penguin Friend", em Ilha Grande.

Grande parte de minha vida assisti a família Schurmann desbravar pelos mares e oceanos do mundo. Foi a primeira família brasileira a circunvagar o mundo em um veleiro, partindo de Florianópolis e velejando pelos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, chegando aos lugares mais remotos da Terra. Vilfredo, Heloísa, David, Wilhelm, Pierre e Kat trouxeram as aventuras para mais perto da gente quando eles transformaram a embarcação em uma produtora flutuante, com equipamentos de filmagem e uma ilha de edição, criando a Schurmann Filmes. Foi assim que o primeiro material foi produzido: um documentário sobre o Canal do Panamá.

Mas foi David e sua paixão pela sétima arte que criou tudo isso quando, aos 13 anos, ganhou sua primeira câmera e começou a filmar e dirigir documentários. David viveu parte de sua vida a bordo de um barco, velejando ao redor do mundo com sua família conhecendo mais de 64 países, até desembarcar na Nova Zelândia para estudar cinema e TV. Iniciou sua carreira internacional com 19 anos, como diretor do programa “In Focus” da TV3 na Nova Zelândia, pelo qual recebeu diversos prêmios internacionais e prestígio.

David retornou ao Brasil em 1997 e dirigiu 34 episódios para o programa Fantástico, da Rede Globo. Em 2007, David dirigiu seu primeiro longa-metragem, “O Mundo em Duas Voltas”, que ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais como melhor filme. A obra foi lançada e teve importante sucesso de bilheteria. Em 2011, dirigiu o suspense “Desaparecidos”, um controverso e revolucionário projeto. Em 2016 lançou o filme “Pequeno Segredo” inspirado na história de sua irmã adotiva Kat Schurmann, o longa foi selecionado como representante do Brasil no Oscar de 2017.

Agora, David está se aventurando por águas internacionais e lança seu primeiro filme em inglês, “My Penguin Friend”, que estreia no dia 16 de agosto no circuito nacional. “My Penguin Friend” é um conto de amizade entre um pai solitário e um pequeno pinguim perdido, que recarrega seu espírito e cura sua família com uma lealdade inabalável que atravessa o oceano. Na trama, o humilde pescador João, interpretado pelo ator francês Jean Reno, se afastou do mundo após uma tragédia, mas quando descobre um pinguim à deriva sozinho no oceano, encharcado de óleo de um vazamento, seu primeiro instinto é ajudar. Para desespero de sua esposa, papel da talentosa atriz mexicana Adriana Barraza, ele não apenas resgata a criatura marinha, mas cuida do pássaro e o apelida de DinDin.

Para este lançamento, eu tive a oportunidade de conversar com o David sobre a inspiração da história, escolha do elenco e muito mais. Vamos conferir:

 

Cortesia:Roadside Attractions - Pôster do filme

 

Jana – Como foi escolher o ator Jean Reno para interpretar o pescador João?

David – Sinto-me honrado, obviamente, por trabalhar com uma lenda. Você sabe que eu vi Jean Reno minha vida inteira e eu sou um grande fã de um filme que eu assisti, provavelmente, um cem vezes, o ‘The Big Blue”. Eu cresci velejando, então minha conexão com o oceano é grande... eu e meu irmão sabemos quase todas as falas do filme então na pré-produção quando começamos a falar sobre atores... o nome do Jean foi citado. Ai, fui encontrá-lo na casa dele no sul da França, dei o roteiro para ele e ele conectou com a história desse pescador da Ilha Grande, que salvou e ficou amigo de um pinguim.

Jana – Como foi trabalhar com os pinguins? Eles são de verdade, não é?

David – Do ponto de vista de um diretor, você sabe que sempre dizem para não trabalhar com crianças, animais ou oceano, certo... nesse filme, tivemos tudo. Era muito desafiador, porque você sabe, estamos falando de pinguins. Mas tivemos um excelente treinador de pinguins, respeitamos o tempo deles – eles são animais matinais –, mas eles deixaram o set bem relaxado e feliz. Os pinguins do filme são pinguins de verdade, 80% das cenas foram feitas por eles. Na história, a veracidade era tão importante quanto a autenticidade.

Jana – Como você está se sentindo com a estreia do filme e qual a perspectiva do cinema brasileiro nos próximos anos?

David – Eu estou muito esperançoso pelo momento que o Brasil está passando com as produções cinematográficas e todo o conteúdo que estamos criando, temos muita gente talentosa no Brasil. Está crescendo muito e eu acho que dois, três anos, assistiremos a filmes incríveis, todos os gêneros de séries, e cada vez mais sendo vistos no exterior, acho que isso é algo muito interessante porque, é ótimo fazer filmes para o nosso próprio público, mas é também muito importante compartilhar nossa cultura ao redor do mundo.