As recentes turbulências no mercado global não representam fraqueza, mas sim o preço necessário a ser pago por uma mudança de rota há muito tempo adiada: a reconstrução da autonomia produtiva americana.
Instabilidade no Fed e o resgate da autoridade presidencial
O ex-presidente Donald J. Trump após declarar que considera substituir o atual presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, por um nome que "realmente compreenda as necessidades da América real". A declaração, feita durante um comício em Tampa, reacendeu o debate sobre a independência do banco central. Mas, sob a ótica republicana, essa interferência não é uma ameaça, e sim uma retomada do controle legítimo do povo americano sobre suas instituições financeiras.
Segundo a Reuters (21/04/2025), o índice do dólar (DXY) caiu para 98,267, enquanto o euro e o iene subiram, refletindo a inquietação dos mercados. Mas como afirmou Larry Kudlow, ex-assessor econômico da Casa Branca, à Fox Business: "O mercado está reagindo a uma possível cura de longo prazo, não a uma doença. Trump quer um Fed que pense nos trabalhadores americanos, não só em Wall Street."
A guerra tarifária como catalisador da independência industrial
A guerra comercial com a China não é, para os republicanos, um erro estratégico, mas uma correção histórica. A dependência excessiva dos EUA de produtos chineses — que representam mais de 16% de todas as importações americanas segundo o U.S. Census Bureau — é considerada uma vulnerabilidade crítica à segurança econômica nacional.
Em seu pronunciamento de março, Trump disse: "Por décadas, entregamos nossa capacidade de produção aos comunistas chineses em troca de bugigangas baratas. Agora, estamos dizendo: basta."
Tarifas de até 25% foram reativadas sobre cerca de US$ 300 bilhões em produtos chineses, atingindo setores como semicondutores, baterias e equipamentos médicos. O impacto imediato foi sentido no Índice de Preços ao Consumidor (CPI), que subiu 0,4% em março e já acumula alta de 4,8% nos últimos 12 meses, segundo o Bureau of Labor Statistics.
Desabastecimento? Ou oportunidade de reconstrução interna?
Enquanto críticos falam em desabastecimento iminente, republicanos enxergam uma janela histórica para reconstruir a indústria nacional. De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes (NAM), mais de 420 fábricas foram reativadas ou reinauguradas nos EUA desde o início da nova política tarifária. Incentivos fiscais, parcerias público-privadas e apoio a pequenas indústrias têm gerado cerca de 120 mil novos empregos no setor industrial desde janeiro de 2024.
Colapso industrial na China: o custo da guerra para Pequim
Do outro lado do mundo, a resposta foi devastadora. Segundo o Ministério do Comércio da China, mais de 2.000 pequenas e médias indústrias exportadoras fecharam entre fevereiro e março de 2025. A produção industrial recuou 2,3%, conforme dados da Agência Nacional de Estatísticas da China, com destaque para quedas nos setores de vestuário, componentes eletrônicos e bens intermediários.
Wang Wentao, ministro chinês do Comércio, afirmou em Pequim: "Os EUA estão minando as bases do comércio global." A resposta de Trump, via Truth Social, foi direta: "Estamos minando sua hegemonia, não o comércio."
Impactos no Brasil: ajuste de rota nas exportações
O Brasil, como economia altamente ligada à China, sofre impactos diretos. A queda da demanda chinesa por commodities brasileiras — especialmente soja, minério de ferro e carne bovina — fez com que o superávit comercial do Brasil recuasse 8% em março, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Além disso, a instabilidade global levou o dólar a ultrapassar R$ 5,40, elevando custos de importação e pressionando a inflação interna.
Contudo, setores como o agroindustrial e o farmacêutico veem oportunidades de estreitar laços com os EUA como alternativa de mercado. Segundo a CNI, há negociações em andamento para ampliar exportações brasileiras ao mercado norte-americano, inclusive em setores antes dominados pela China.
Sob a ótica republicana, os acontecimentos recentes não devem ser vistos como uma crise, mas como uma travessia. O próprio Trump tem reforçado que a América precisa de medidas duras para sair do ciclo de submissão industrial e endividamento crônico. Em seu discurso no Texas, resumiu: "Estamos sangrando há décadas. Agora, finalmente, estamos curando a ferida."
A retomada da soberania monetária, o resgate da indústria nacional e a reordenação das relações comerciais são passos firmes em direção a um futuro onde os Estados Unidos liderem não apenas pelo consumo, mas pela produção, pela inovação e pela força de sua autonomia econômica.