Custo Brasil já é o maior do mundo: Desestímulo empresarial e consequências

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Coluna economia

O Brasil enfrenta um ambiente econômico desafiador, caracterizado por uma série de fatores que compõem o chamado "Custo Brasil". Esses elementos não apenas desestimulam o empreendedorismo, mas também têm consequências diretas sobre a economia e a sociedade brasileira.

Problemas Estruturais

Carga Tributária Elevada: Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil apresenta uma das maiores cargas tributárias da América Latina, correspondendo a 32,3% do PIB. Esse percentual é superior ao de países como Barbados (31,8%), Uruguai (30,8%) e Argentina (30,3%), e não é acompanhado por serviços públicos de qualidade proporcional.

Legislação Complexa e Ineficiente: A burocracia brasileira, considerada uma das mais complexas do mundo, torna a operação das empresas um desafio contínuo. De acordo com o Banco Mundial, o Brasil está entre os piores países no ranking de facilidade para fazer negócios, ocupando a 124ª posição entre 190 economias. Além disso, a rigidez constitucional em categorias como folha de pagamento e previdência social eleva consideravelmente os custos operacionais das empresas.

Desvalorização Cambial e Risco Brasil: A volatilidade do real frente ao dólar, que nos últimos cinco anos acumulou uma desvalorização de mais de 35%, aumenta os custos de importação e gera incertezas para investidores estrangeiros. De acordo com a agência Bloomberg, o índice "Risco Brasil" permanece elevado, refletindo instabilidade econômica e política, o que afasta investimentos.

Custos Bancários Elevados: Conforme relatório do Banco Mundial, o Brasil apresenta o maior custo de transações bancárias do mundo. Empresas brasileiras enfrentam taxas que chegam a ser cinco vezes maiores que as de países desenvolvidos. Pequenas e médias empresas são as mais impactadas, enfrentando dificuldades para acessar crédito a custos competitivos.

Contabilidade e Tributação Complexas: O sistema tributário brasileiro exige que as empresas gastem, em média, 1.500 horas anuais apenas para cumprir as obrigações fiscais, segundo o relatório Doing Business 2024, do Banco Mundial. Esse número é mais de 10 vezes superior à média de países desenvolvidos, que varia entre 150 e 200 horas por ano.

Corrupção Sistêmica: De acordo com a Transparência Internacional, o Brasil ocupa a 94ª posição no Índice de Percepção de Corrupção de 2024, ficando atrás de países como Botswana e Ruanda. Casos recentes envolvendo censura em plataformas de comunicação, como Meta e X, ilustram os desafios adicionais de operar em um ambiente marcado por insegurança institucional e política.

Falta de Incentivo ao Desenvolvimento Tecnológico: Embora o Brasil invista cerca de 1,3% do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), segundo a OCDE, aproximadamente metade desse valor provém do setor empresarial. Esse investimento é inferior ao de países como Coreia do Sul (4,5%) e Alemanha (3,1%), deixando o país estagnado em termos de inovação tecnológica.

Consequências

Fuga de Capital Estrangeiro: Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de investimentos estrangeiros diretos no Brasil caiu 25% nos últimos três anos. A combinação de alta carga tributária, burocracia excessiva e instabilidade política tem levado investidores a preferir mercados como Chile e México, que oferecem maior previsibilidade e segurança jurídica.

Falências e Desemprego: Conforme dados do Serasa Experian, o Brasil registrou mais de 13 mil pedidos de falência em 2024, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. O impacto no mercado de trabalho é direto: o desemprego atinge mais de 10 milhões de pessoas, com consequências devastadoras para a economia e o bem-estar social.

Impactos Sociais Negativos: Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram que o aumento no número de falências e desemprego está correlacionado a uma elevação de 12% nos índices de divórcios e de 8% nos casos de suicídio nos últimos dois anos. Esses números refletem o impacto humano das dificuldades econômicas que assolam o país.

Atraso Tecnológico: De acordo com um relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais de 60% das indústrias brasileiras operam com tecnologia defasada em comparação a seus concorrentes internacionais. Essa falta de competitividade tecnológica mantém o Brasil dependente de importações de bens e serviços de alto valor agregado, perpetuando o atraso econômico.

A superação dos desafios impostos pelo "Custo Brasil" requer reformas estruturais profundas. Reduzir a carga tributária, simplificar as leis, combater efetivamente a corrupção e promover um ambiente favorável à inovação são passos cruciais. Segundo o relatório da OCDE, países que implementaram reformas tributárias e regulatórias semelhantes, como Estônia e Irlanda, viram um aumento significativo no investimento estrangeiro e na produtividade interna.

Sem essas mudanças, o Brasil continuará enfrentando obstáculos significativos ao desenvolvimento econômico sustentável e à melhoria da qualidade de vida de sua população. O "Custo Brasil" não é apenas uma barreira; é uma âncora que impede o país de alcançar seu verdadeiro potencial.