Células-tronco são usadas para reparar traquéias de cordeiros
Cientistas dos EUA conseguiram usar células-tronco de líquido amniótico para reparar defeitos nas traquéias em fetos de cordeiros ainda no útero.
A equipe do Children’s Hospital Boston usou as células-tronco para produzir pedaços de cartilagem que foram implantados nos cordeiros.
Os detalhes da experiência foram apresentados neste fim de semana numa conferência da Academia Americana de Pediatria.
Os defeitos na traquéia são raros em humanos, mas trazem perigo de morte, exigindo cirurgias imediatas para reduzir o risco de complicações neurológicas.
Técnicas
Os cirurgiões já tentaram várias técnicas de reparo, como o enxerto de pedaços do osso pélvico ou da costela do bebê, ou usando substâncias sintéticas como Teflon.
Porém essas técnicas tiveram sucesso somente limitado e trazem risco de complicações, como infecções e estreitamento da traquéia.
A nova técnica é uma das várias possibilidades de “engenharia de tecidos” desenvolvidas pela equipe de Boston para criar tecidos para reparar defeitos de nascença, mas a primeira a ser testada em embriões.
Os cientistas escolheram trabalhar com cordeiros porque eles crescem rapidamente e têm um tamanho parecido com o dos bebês humanos.
Para construir o novo tecido, eles usaram uma pequena quantidade de células-tronco do líquido amniótico.
As células-tronco têm o potencial de se desenvolver para formar diferentes tipos de tecidos, como músculos, ossos ou cartilagens.
Sucesso
As células usadas na experiência foram cultivadas em laboratório, inseridas em tubos biodegradáveis e expostas a fatores de crescimento para estimulá-las a se diferenciar em tecido de cartilagem.
Uma vez que os enxertos haviam maturado, eles foram usados para reconstruir traquéias defeituosas em sete fetos de cordeiros.
Cinco dos cordeiros sobreviveram à operação e todos eles foram capazes de respirar espontaneamente no nascimento – quatro deles sem nenhum sinal de sofrimento respiratório.
Dario Fauza, coordenador do estudo, disse que a traquéia não é usada antes do nascimento, então esta é a melhor hora para fazer reparos. “A recuperação fetal é muito melhor do que a recuperação de adultos”, disse.
Além disso, usar as células-tronco do próprio corpo para fabricar um enxerto reduz o risco de rejeição.
Fauza fez um pedido de autorização à Autoridade Americana de Alimentos e Drogas para fabricar enxertos de células tiradas de líquido amniótico humano.