Caso Inlingua FL: donos envolvidos em transações fraudulentas e falência

Por Arlaine Castro

inlingua Tampa
As escolas de idiomas Inlingua Center contavam com mais de 700 alunos e 100 professores e tinham vínculos com os Ortegas, uma importante família equatoriana que mora em Miami e já administrou o quarto maior banco do Equador, segundo documentos judiciais apurados pelo Miami Herald. No dia 5 de novembro, as unidades de Doral, Aventura, Boca Raton, Coral Gables, Fort Lauderdale, Key Biscayne, Brickell, Weston, Orlando e Tampa - foram abruptamente fechadas. De acordo com documentos do tribunal de falências dos EUA, a família Ortega tem um legado de problemas financeiros. Em fevereiro de 2003, Leonidas Ortega Trujillo criou a Fundação LTG no Panamá. Na mesma época, o banco da família Ortega, o Banco Continental, foi acusado de transações fraudulentas que acabaram levando ao fracasso do banco. O litígio custou a Trujillo um julgamento de quase US $ 600 milhões. Um processo aberto no Tribunal de Falências dos EUA em junho de 2016 alega que Trujillo não divulgou renda das escolas de Inlingua quando pediu falência em 2015 para evitar credores e impostos, apesar de ser a única pessoa que já se beneficiou dos lucros gerados pelas escolas da Inlingua. A encarregada pela administração das escolas Inlingua na Flórida seria Maria Cristina Ortega De Marcos, irmã de Leonidas Ortega Amador, também listado como réu na ação e filho de Trujillo. Todos foram procurados e não retornaram pedidos de comentários do Miami Herald. Advogados da família Ortega alegam que a empresa está em falência e que um acordo para vender a Inlingua foi frustrado, o que pode ter desencadeado o fechamento. Um professor da unidade de Orlando identificado como Danny Singh escreveu ao Gazeta News a sua indignação e busca por justiça. “Até hoje, nenhum dos professores foi pago e nenhum dos estudantes foi reembolsado. Alguns deles ainda não encontraram uma nova escola”, descreveu. Brasileiros têm visto de estudante afetado por fechamento de escola na FL Um dos alunos, matriculado há oito meses, disse sob anonimato ao Gazeta News que vai procurar outra escola para não ficar irregular, mas entende o fechamento como um calote e que os alunos agora estão se juntando para exigir respostas e também o dinheiro investido. No Brasil, o outro brasileiro afetado, o curitibano D. P. que também prefere não ter seu nome revelado para evitar problemas futuros, contou ao Gazeta News que iniciou o processo para obtenção do visto de estudante junto à escola no dia 17 de setembro e na última semana teve o visto negado na entrevista. Por e-mail, ele contou que entrou em contato com a escola e todo o processo durou uns 20 dias, até marcarem a entrevista no Brasil. "(...) No dia 17 de outubro chegou em meu e-mail, vindo da 'nova diretora' Virginia Lopez, os códigos SEVIS para minha esposa, filho e eu. Poucos dias depois entregaram em minha casa os documentos oficiais que me permitiram agendar a entrevista no consulado exatamente um dia após o dia do 'fechamento abrupto' da escola. Como estávamos fora de casa fiquei praticamente desconectado, então tive a má experiência na entrevista", relatou. O Gazeta News entrou em contato com as unidades em Doral e Miami, mas não obteve retorno até o momento. Estudantes e professores buscam ajuda O fechamento tem prejudicado muitos alunos que residem nos EUA com vistos de estudante, alguns deles possuem dependentes. Um professor da unidade de Orlando identificado como Danny Singh escreveu ao Gazeta News a sua indignação e busca por justiça. “Estou gentilmente pedindo alguma ajuda. Eu era professor no Orlando Inlingua Center. Até hoje, nenhum dos professores foi pago e nenhum dos estudantes foi reembolsado. Alguns deles ainda não encontraram uma nova escola. Na manhã de segunda-feira, 5, havia estudantes do lado de fora do Orlando inlingua Center e a escola inteira estava trancada’, descreve o professor. Tanto os alunos quanto professores prejudicados tentam contato sem sucesso com as escolas. “Ninguém no escritório de Miami Inlingua está respondendo aos telefonemas e e-mails de professores e alunos”, afirmou. O Gazeta News entrou em contato com as unidades em Doral e Miami, mas não obteve retorno até o momento. Sede na Suíça Sem conseguir retorno dos responsáveis na Flórida, professores e alunos estão recorrendo à central da rede na Suíça. Sobre o caso,Jürg Heiniger, CEO da Inlingua International Ltd na Suíça, pede que as informações sejam repassadas diretamente ao centro para que possa acompanhar, embora não estejam diretamente envolvidos no caso da Flórida. “Instruímos todos os centros da Inlingua em todo o mundo a encaminhar pessoalmente todas as mensagens relacionadas à Flórida, para que possamos cuidar disso. Muitos dos centros da Inlingua foram contatados, o que nos possibilita obter informações. Sua mensagem, por exemplo, foi encaminhada para mim por vários centros Inlingua”, afirmou em resposta a um professor da Inlingua em Orlando, Danny Singh. "(...) Como somos uma entidade legal separada, não temos acesso a informações sobre alunos e professores das operações da Flórida, não temos a possibilidade de contatá-los. Dependemos da gestão das escolas locais para contatar seus clientes e professores", explicou o CEO.