Duas pessoas de Joinville (SC) e três agências de turismo brasileiras estão listados no grupo investigado pela operação “Piratas do Caribe”, da Polícia Federal de Rondônia, deflagrada na última sexta-feira, 13, nosestados de Rondônia, Santa Catarina e Minas Gerais.
Segundo o delegado da PF, Raphael Baggio de Luca, a ação visa desarticular uma ramificação brasileira de uma organização criminosa que transporta brasileiros de forma ilegal ao exterior, principalmente aos Estados Unidos, via Bahamas.
Com a ajuda de familiares, a Polícia Federal chegou aos nomes de três agências de turismo (uma da cidade de Ariquemes (RO); uma de Governador Valadares (MG); e uma de Joinville (SC).
Há uma ordem de prisão preventiva contra o casal, que ainda não foi encontrado, mas não é considerado foragido. Os nomes das pessoas e das agências não foram liberados pelas autoridades.
Segundo a PF, o casal de Joinville foi responsável pelo embarque de pelo menos duas das 12 pessoas que desapareceram. Eles teriam ajudado na burocracia para remarcar uma passagem e fazer as vacinas necessárias nos dois passageiros cujas famílias estão ajudando a Polícia Federal na investigação.
O casal também esteve em uma mansão em Nassau, nas Bahamas, onde teria exigido o depósito de R$ 1,6 mil para o pagamento da estadia no mesmo lugar onde os 12 brasileiros ficaram alojados enquanto aguardavam a travessia, de barco, para Miami, nos Estados Unidos. O dinheiro foi depositado na conta da mulher, cujos comprovantes estão com a Polícia Federal.
Segundo o delegado Baggio, o caminho feito pelos brasileiros é perigoso, a travessia é noturna e as pessoas ficam sem qualquer ajuda, inclusive sem água e alimentação.
O preço que cada brasileiro pagou pelo trajeto varia entre R$ 40 mile R$ 60 mil e tem até uma casa envolvida no negócio — disse o delegado.
Ainda não se sabe se os brasileiros desaparecidos morreram, foram sequestrados ou estão em cárcere privado, e, segundo as autoridades, a responsabilidade pelo destino dos desaparecidos pode ser imputada ao grupo que está sendo investigado.
De acordo com a investigação, os brasileiros viajavam para o Panamá e, depois, para as Bahamas. Lá, eles ficavam numa casa até receberem a ordem de travessia de barco para os Estados Unidos. Segundo Baggio, as vítimas passavam em média de 20 a 30 dias perto de um aeroporto internacional, à espera do sinal da quadrilha.
As famílias dos brasileiros desaparecidos continuam em angústia sem saber se ainda estão vivos. Kárita Reis, de Araguaína (RO), é sobrinha de um casal de brasileiros, Lucirlei Cárita e Regiane Viana, de Rondônia, que estão no grupo de desaparecidos.
Kárita desabafou sobre o clima de tristeza e preocupação que paira na família desde então.
“A gente acha que nunca vai acontecer conosco ou com nossa família, mas infelizmente nossa família passa por momentos difíceis. Peço a Deus misericórdia por eles, meus tios, que por um sonho de ter uma vida melhor e estar perto de quem eles amam decidiram ir embora para os EUA. Infelizmente não deu certo, eles não chegaram ao destino escolhido e hoje sofremos com o desaparecimento deles. (...) Estamos sofrendo vão completar 2 meses sem notícia é muita aflição mais confiante que eles estão bem e vão aparecer”, escreveu em sua página na internet.
O casal trabalhava uma empresa de comunicação, LOOK Comunicação Visual Canaã, em Canaã dos Carajás (RO).
Em contato com o Consulado Geral do Brasil em Miami, a informação é de que o órgão continua em contato com a Guarda Costeira das Bahamas e dos Estados Unidos e com o Itamaraty, mas não pode informar os dados dos desaparecidos.
Com informações da Agência Brasil e Diário Catarinense.