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Broward lidera aumento de criminalidade no sul da Flórida
Não somente pelo tiroteio ocorrido na Flórida na última semana (um caso à parte pelas circunstâncias), mas também por outros crimes, percebe-se que a Flórida tem se apresentado mais casos de violência nos últimos tempos. De assalto à mão armada, passando por roubo de veículos, assassinatos e estupro, o aumento de crimes em Broward tem assustado a comunidade do sul do estado. Ao contrário do restante da Flórida, a criminalidade aumentou no condado na primeira metade de 2017, de acordo com o Florida Department of Law Enforcement. Em todo o estado, houve aproximadamente 6.300 crimes, com uma redução de 2% dos crimes em geral. O índice de crimes diminuiu em condados como Palm Beach e Miami-Dade, mas aumentou em Broward. Do condado, Fort Lauderdade tem liderado com uma média de 67 crimes por 1000 habitantes - uma das maiores taxas de criminalidade nos Estados Unidos, segundo o site Neighborhood Scout, que compila dados sobre a cidade. Na Flórida, mais de 97% das outras cidades tem uma taxa de criminalidade menor do que a Fort Lauderdale, onde a chance de se tornar vítima de crime é de 1 em 15. Em um dos casos mais recentes, a brasileira Brunna Paris quase foi atacada e estuprada por um estranho dentro da própria casa em Fort Lauderdale, no último sábado, dia 17. “Eu estava fazendo um churrasco com amigos e os filhos na piscina do condomínio, que fica bem na frente da minha casa. As crianças vão e vêm da casa na piscina, nós também vamos lá dentro toda hora buscar alguma coisa, usar o banheiro. Enfim, sempre que fazemos churrasco deixamos a porta da frente destrancada”, relata. “Resolvi ir lá dentro fazer um brigadeiro. Estou em casa sozinha, a porta da frente destrancada e todos na piscina, quando de repente eu sinto alguém bem perto de mim, no meu cangote, um cheiro ruim... Quando vi era um homem desconhecido encapuzado e me encurralando no fogão, com a calça aberta”. Apesar do susto, Brunna conta que conseguiu manter a calma. “Pensei: esse homem não vai me matar, me bater, me estuprar. Eu vou conseguir sair disso aqui”. Ela então pegou a panela de brigadeiro fervendo e usou como arma. “Coloquei a panela entre nós e falei forte, olhando no olho dele que era para ele não encostar em mim se não eu o queimava. Em vez de recuar, ele deu um passo à frente. Fiquei com muito medo, mas me mantive firme, pois ele parecia estar muito drogado e confuso. Ele estava perto do meu faqueiro na cozinha e eu só pensava em conseguir tirá-lo de perto das facas sem que ele percebesse e eu consegui”. Calmamente, ela foi empurrando-o com a panela fervendo até que ele se afastou de onde estava o faqueiro e ela conseguiu alcançar o celular. “Agarrei o celular com a outra mão enquanto segurava a panela e disse que estava chamando a polícia e que era para ele sair da minha casa. Ele saiu correndo pela porta de trás”. Ela então chamou seu marido e amigos na piscina que perseguiram o ladrão e conseguiram pegá-lo no estacionamento de uma igreja na rua de trás do condomínio. A brasileira conta que ela ainda estava ao telefone com o 911 quando 12 viaturas da polícia chegaram ao local. “Demorou menos de 4 minutos para a polícia chegar”. Feliciano Perez Rojas, 20 anos, foi levado para a cadeia de Fort Lauderdale, acusado de invadir propriedade desarmado, de cobrir o rosto para intimidação e esconder a verdadeira identidade. Sua fiança foi estipulada em $10 mil dólares. A partir de agora, Brunna e sua família deixarão a porta trancada em todos os momentos. “Confiei porque moro em condomínio e em uma área boa de Fort Lauderdale. Apesar de não ter portão, nunca ouvimos nenhum caso de roubo, furto ou arrombamento. Nós nunca deixamos a porta destrancada a não ser em dias de churrasco por causa do entra e sai em casa”, conclui. Roubo de carro à mão armada Outra brasileira que recentemente experimentou a violência de perto e entrou para as estatísticas de Broward foi Maria Borges, que depois de 31 anos morando na Flórida teve uma arma apontada para a cabeça e o carro roubado ao chegar em casa em Fort Lauderdale, no dia 10 de fevereiro. Segundo Borges, dois menores encapuzados a abordaram assim que ela chegou em frente a sua casa por volta de 6pm e de um modo que jamais ela fosse imaginar que aconteceria. “Todos os dois meninos que não passam de uns 14 anos estavam com arma de fogo. Não tive tempo nem de desligar o carro porque, quando percebi, um já estava com a arma apontada nas minhas costas e o outro, que deveria estar escondido por ali, veio rapidamente. Não tive tempo de tirar nenhum objeto pessoal do carro, levaram tudo, bolsa, carteira, celular, documentos, tudo”, contou ainda assustada. “Foi horrível! Estou aqui há 31 anos e nem nos piores pesadelos poderia imaginar que isso pudesse acontecer comigo”. Borges conta ainda logo após a polícia foi acionada. Ela fez a ocorrência policial e o caso está sob investigação. Ainda nervosa com todo o acontecido, Borges ressalta a importância de tornar público para servir de alerta para a comunidade. “É preciso redobrar a atenção, infelizmente. O momento de sair e chegar em casa é crucial porque muitos desses bandidos ficam vigiando e esperam o momento certo. Muitas vezes estamos distraídos. É bom dar uma volta no condomínio antes de entrar em casa para ver se há alguém suspeito”, pondera. Uma vizinha disse ter visto três menores rondando os prédios dias anteriores ao assalto, segundo Borges. “As pessoas atualmente estão com carros melhores e isso chama a atenção de bandidos. A polícia mesmo disse que muitos desses adolescentes fazem parte de gangues. Eles vigiam e roubam porque não querem trabalhar e repassam os carros para revenda ou desmanche”, salienta. Sobre a mudança sentida no perfil do sul do estado, Borges destaca que a Flórida “era um paraíso quando cheguei, há 31 anos. Fort Lauderdale, de 10 anos pra cá, mudou muito. Não tinha tantas famílias com crianças e adolescentes como agora. Era uma cidade de aposentados, mas mudou muito e agora está igual Miami com bem mais gente e característica de cidade grande, e, consequentemente, mais criminalidade’. O caso segue sob investigação policial. O caso serve de alerta para a comunidade. “É preciso redobrar a atenção, infelizmente. O momento de sair e chegar em casa é crucial porque muitos desses bandidos ficam vigiando e esperam o momento certo”. Uma vizinha disse ter visto três menores rondando os prédios dias anteriores ao assalto, segundo Borges. Broward, Miami-Dade e Palm Beach De acordo com dados do Florida Department of Law Enforcement, na primeira metade de 2017, o total de crimes em geral por condado no sul da Flórida foi de diminuição em Miami-Dade (de 54.056 para 53.938) e Palm Beach (de 24.172 para 23.804) e aumento em Broward (de 32.816 para 33.293). Detalhados, os crimes e números são: Estupro: Broward: aumento de 279 para 309 (37 casos em Fort Lauderdale, 32 em Pompano Beach e 27 em Coral Springs); Miami-Dade: aumento de 406 para 442; Palm Beach: aumento de 276 para 295. Assassinatos: Broward: aumento de 35 para 51; Palm Beach: aumento de 34 para 57; Miami-Dade: diminuição de 95 para 92. Roubos: Broward: aumento de 1.304 para 1.319; Miami-Dade: aumento de 406 para 442. Palm Beach: diminuição de 875 para 830. Assalto à mão armada: Broward: aumento nos casos, de 2.146 para 2.201. Miami-Dade: aumento de 4.547 para 4.645. Palm Beach: aumento de 2.039 para 2.231. Roubos a carro: Broward: aumento de 2.694 para 2.925; Miami-Dade: aumento de 4.061 para 4.525. Palm Beach: aumento de 1.585 para 1.805. *Por Arlaine Castro e Marisa Barbosa.