Brasileiros relatam transtorno com o processo de visto de estudante pelo fechamento sem aviso prévio da escola na FL
Há quase 20 anos no mercado da Flórida e sem nenhum aviso prévio, as escolas de idiomas da rede Inlingua Languace Center fecharam as portas. Na última segunda-feira, 5, alunos e até professores foram pegos de surpresa com um e-mail anunciando o encerramento das atividades das nove unidades da escolas no estado.Para não ficarem “fora de status”, brasileiros buscam transferência para outras escolas e recomeçam o processo do I-20. Ainda sem entender o que houve e sem conseguir retorno da escola, um dos alunos disse que teve o visto de estudante negado na última semana. “Sou um dos prejudicados, não sei se devido a isto ainda tive na data de ontem o visto F-1 negado. Apenas hoje quando fui consultar a escola sobre os reembolsos é que fiquei sabendo do ocorrido. É extremamente frustrante após todos os gastos que tive com a escola, 3 DS-160, taxa Sevis, ainda correr o risco de perder os 9.000 reais que paguei pelo curso”, relatou ao Gazeta News o aluno que por motivos particulares pediu para não ser identificado. Segundo os próprios alunos, nas últimas semanas havia rumores sobre uma crise e que o fechamento seria possível. No entanto, um e-mail enviado pela direção acadêmica aos alunos no final de outubro, desmentiu os boatos e assegurou o andamento das aulas. “Estamos ansiosos para ver todos os alunos Inlingua na segunda-feira, 22 de outubro de 2018, em suas aulas normalmente programadas. Por favor, desconsidere qualquer informação contraditória que você possa ter recebido; todos os centros estão abertos para os negócios como de costume, e todas as aulas serão realizadas conforme o planejado”, descreve o e-mail. Porém, a escola não cumpriu tal informação e encerrou as aulas sem avisar antecipadamente os alunos. “Lamento informar que IF Multicultural Interactive Solutions, LLC e TLG The Language Schools (conhecida como “Inlingua”) estão fechando suas portas depois de quase duas décadas de atendimento à comunidade. Revimos as opções para nossos alunos continuarem seus estudos em outra escola de idiomas. Para todos os nossos alunos, especialmente os estudantes com visto, lamentamos que o fechamento das escolas seja um transtorno e faremos o melhor para ajudá-lo a se transferir para outra escola”, informou a instituição por e-mail.Inlingua fecha as portas e prejudica visto de estudantes brasileiros na FL
Um dos alunos, matriculado há oito meses, disse sob anonimato ao Gazeta News que vai procurar outra escola para não ficar irregular, mas entende o fechamento como um calote e que os alunos agora estão se juntando para exigir respostas e também o dinheiro investido. Segundo o aluno, um texto assinado por mais de 60 alunos resume o caso e que “advogados de direito civil estão sendo consultados e possivelmente contratados e pediremos que o FBI investigue as pessoas envolvidas neste suposto golpe orquestrado”, afirmou. Parte do texto descreve a incerteza dos alunos e a indignação pela falta de comunicação da escola sobre a real situação: “No dia 21/10 (domingo) circulava nas redes sociais que a escola havia sido fechada! Logo em seguida recebemos um e-mail da Tetyana Oliynyk, Ph.D - Director of Academic Programs inlingua informando que não se passava de um boato e que na segunda-feira 22/10 iríamos receber maiores informações. Quando chegamos na aula no dia 22/10 o Sr. Cesars então director de Tecnologia da Inlingua visitou cada uma das salas informando que realmente a inlingua Orlando e outras 8 unidades na Florida haviam sido fechadas na sexta-feira 19/10 por motivos financeiros, mas no domingo 21/10 um grupo de investidores havia comprado a Inlingua e eles iriam fazer novos investimento e trazer antigos funcionários para ajudar na administração da empresa. Nesta oportunidade ele apresentou no campus Orlando a nova diretora chamada Virginia e seu assistente Roberto, ambos já haviam trabalhado por vários anos na unidade Orlando. Pensávamos que tudo havia sido esclarecido e resolvido quando no último domingo (04/11) recebemos um e-mail informando que a escola havia sido abruptamente fechada e que como sugestão entrássemos em contato uma escola de inglês que eles indicam para regularizarmos nossa situação imigratória. Todos fomos pegos de surpresa, muitos alunos possuem valores que chegam a U$ 6,000 dólares para receber como reembolso da Inlingua, professores ficaram desesperados porque além de perderem seu emprego não receberam salários atrasados e tiveram que ser ajudados financeiramente pelos alunos que fizeram uma vaquinha para ajudar a comprar comida e pagar aluguel atrasado. As informações passadas pela Inlingua para a outra escola de inglês estão completamente equivocadas e são mentirosas! Realmente acreditamos que todos fomos vítimas de um golpe estrategicamente orquestrado e ao entrar em contato com a sede da Inlingua que fica na Suíça fomos informados que eles nada podem fazer porque as unidades da Florida eram administradas por uma empresa independente e que devemos procurá-los. Como procurar uma empresa que não existe mais? Todas as unidades foram fechadas, nenhum e-mail ou telefone funcionam”, escreveram os estudantes. O Gazeta News tentou contato via telefones, site e e-mails com as escolas da rede na Flórida, mas até o momento desta publicação, não houve retorno. Em contato com a proprietária da marca registrada Inlingua na Suíça, a informação obtida é de que os centros de idiomas na Flórida, no entanto, são operados por uma empresa contratante independente e que eles também não foram informados do fechamento, além de não conseguirem contato com a administração das escolas na Flórida. “... como licenciante, ficamos tão surpresos quanto os clientes e professores que as escolas fecharam. Os professores receberam informações de que as escolas fecharam, mas nós não”, descreveu o gerente-geral.Situação imigratória dos alunos
Quanto à situação imigratória dos alunos, a advogada de imigração Ingrid Domingues, salienta que cada aluno deve agora procurar a transferência para outra escola e reiniciar o processo do I-20 o quanto antes. “É necessário que os alunos confirmem se a nova escola está registrada no sistema do Department of Homeland Security (DHS) que mantém o cadastro dos estudantes estrangeiros- o Student and Exchange Visitor Information System (SEVIS) para evitarem novos problemas”, destaca. Sobre o dinheiro investido e qualquer ação contra a Inlingua, a advogada diz que os alunos que se sentiram prejudicados podem entrar com ação civil na corte de pequenas causas dependendo da jurisdição, mas que a prioridade no momento deve ser a matrícula em outra escola para entrar com novo pedido para o visto de estudante. “Um dia que um aluno fica ‘fora de status’ já é demais. Tem sido muito complicado porque os vistos de estudantes têm ficado cada dia mais visados e as autoridades percebem isso. Não é só estudante, mas muitas famílias têm usado esse tipo de visto para ganhar tempo nos EUA”, aponta a advogada.