Porto Rico foi devastado com a passagem de dois furacões em menos de duas semanas. Primeiro o Irma, que passou mais ao norte e não causou grandes estragos, e depois o Maria que acertou em cheio todo o território, tocando a terra no dia 20 de setembro, deixando ao menos 16 mortos, milhares de desabrigados e todo o país sem energia.
O país enfrenta agora uma situação de crise humanitária. Quase todas as redes de telecomunicação estão destruídas, assim como plantações de banana e café, importante fonte de renda da ilha. Estradas estão intransitáveis por deslizamentos de terra e falta comida e água para a população. O país se encontra numa situação econômica precária, com uma dívida pública de mais de 70 bilhões de dólares e agora clama por assistência humanitária.
O governador, Ricardo Rossello, pediu uma ação rápida na assistência dos EUA para a recuperação da devastação. Segundo autoridades locais, demorará entre quatro e seis meses para reconstruir totalmente o local. O presidente Donald Trump programa visitar Porto Rico na próxima semana em meio a críticas sobre a demora de Washington em atender a ilha.
A Agência Federal para a Gestão de Emergências (Fema) enviou mais de 700 funcionários ao território de Porto Rico e nas Ilhas Virgens Americanas.
Falta comida, água, energia e “motivação”
Quem está em Porto Rico reclama que a ajuda federal americana está demorando a chegar e falta comida, água, há longas filas em supermercados e racionamento e pouca comunicação. “As pessoas andam pela rua durante o dia como que perdidas, desoladas”, relata a paulista Fabiany Lima, 38 anos, que se mudou para Porto Rico em abril e passou pelos dois furacões.
O apartamento onde Lima mora teve o teto e as janelas arrancadas e a parede explodiu com a corrente de vento. “A sorte que a parte de baixo não foi muito danificada e é onde estou hoje”, explica.
Com a situação caótica, Lima conta que encontra pessoas na rua sem comer há dias. “As pessoas que ainda estão aqui precisam de assistência”, destacou. Segundo a brasileira, há racionamento de água e comida, falta energia, não há comunicação e houve aumento abusivo de passagens aéreas.
Brasileiros se unem para ajudar Flórida e Porto Rico
Vários brasileiros estão envolvidos em trabalhos voluntários de ajuda tanto na Flórida quanto Porto Rico. A Primeira Igreja Batista-PIB Florida, em parceria com a Global Assistance Foundation, a VER-Voluntary Emergency Relief, e o Rotary Club Boca West, entre outras igrejas e empresas, organizou uma equipe de voluntários e levou até a região de Florida Keys 2000 mil caixas de comida, totalizando mais de 400 voluntários, cerca de 19 toneladas de alimentos, alcançando mais de 6000 mil pessoas em Key West, Islamorada e Marathon. “É para isso que existimos! Amar a Deus, servir pessoas e mudar o mundo!”, descreveu o pastor Silair Almeida, que coordena os trabalhos no sul da Flórida.
Para Porto Rico, o grupo da igreja está decidindo entre duas opões de ajuda. “Estamos tentando um avião para enviar água e comida ao país ou, se não der, vamos tentar comprar gifts cards de $25 dólares do walmart com o dinheiro das doações e enviar para as famílias poderem comprar diretamente lá, uma vez que tem as lojas pelo país e os cartões valem lá também. Conseguimos uma igreja disponível para nos abrigar, mas ainda não está certo se vamos ou não. Creio que até o final da próxima semana saberemos”, acrescentou Silair.
Samaritan’s Purse Hurricane Relief
A Calvary Chapel de Fort Lauderdale, junto com a ONG Samaritan’s Purse, organizam um grupo de voluntários da ONG Samaritan’s Purse Hurricane Relief e realizam viagens semanais para limpeza e ajuda aos moradores da área de Key West até o dia 11 de outubro, e após essa data, planejam começar a ajuda a Porto Rico.A carioca Paula Oliveira é uma das voluntárias do grupo que sai diariamente do aeroporto executivo de Fort Lauderdale para Key West e de lá segue de ônibus até Big Pine Key, uma das áreas mais devastadas das Keys. “As ilhas antes de Key West estão destruídas, é uma pena”, conta. No próximo mês a brasileira pretende realizar a ajuda em Porto Rico.