Brasileiros são acusados de fraude milionária nos EUA
O grupo detinha material sofisticado para a produção de cartões de crédito falsos instalado em quartos de hotéis e residências, e roubava informações de clientes de bancos de diferentes formas, incluindo a invasão de sistemas de computador de restaurantes e lojas e o uso de “skimmers” para clonar as informações de cartões em caixas eletrônicos.
Com esses cartões falsos, o grupo efetuava compras de joias, bolsas de grife, relógios da marca Rolex, telefones celular e roupas em boutiques de luxo. Os objetos eram revendidos no mercado negro ou online.
Os criminosos chegaram ainda a gastar $95.930 dólares em uma única noite em uma boate chamada Hakkasan Nightclub e $94.351,37 dólares na Encore Beach Club XS Nightclub, ambas em Las Vegas, Nevada. Pelo menos duas transações foram feitas com cartões da Caixa Econômica Federal na cidade. A rede trabalhava em todo o país com funções diferenciadas, como a produção de cartões, “testadores” de cartões e “runners” (indivíduos que conduzem transações com os cartões falsificados).
De 1º de janeiro de 2014 a 30 de dezembro de 2015, o grupo sacou $2.559,590 de dólares em cassinos de propriedade do MGM Resorts International Properties. Em outro período, sacaram mais de $1 milhão de dólares de ATMs da mesma propriedade, “afetando o comércio internacional e interestadual”, de acordo com o processo do US Court District of Nevada contra o grupo mafioso de 21 pessoas.
Uma das compras de dois relógios Rolex, feita com cartões fraudulentos, foi efetuada na Mayors Jewelers, em Orlando, entre 21 e 23 de fevereiro de 2016, no total de $89.722 dólares.
Entre 1º de janeiro de 2014 e 15 de dezembro de 2016, Carlos Rodrigo dos Santos Braga e Bruno Macedo Correia pediram a ajuda de empregados de churrascarias brasileiras e tentaram invadir o sistema de computadores dos estabelecimentos para roubar informações de cartões de crédito de clientes.
Prisões em cinco estados, incluindo a Flórida Vitor Domingues Valentini dos Reis, conhecido como Mancada, foi preso em flagrante ao tentar fazer uma dessas compras. Em dezembro de 2016, ao tentar comprar um Rolex em uma loja no condado de Nassau, em Nova York, o brasileiro foi surpreendido pela polícia enquanto usava uma carteira de identidade do Brasil falsa, com o nome de Caio Cesar de Oliveira Sousa. Vitor tentou resistir à prisão, mas acabou preso.
Grande parte das prisões foi realizada ao longo do mês de janeiro em Nevada, Nova York, Califórnia, Nova Jersey e na Flórida. De acordo com documentos federais obtidos pelo GAZETA, os crimes foram cometidos pelo menos desde 1o de janeiro de 2013.
Alguns dos brasileiros do grupo estão ilegalmente nos EUA e um dos motivos das autoridades para mantê-los presos foi a falta de vínculos com o país e representarem um “flight risk”, risco de fugir para o Brasil, que não extradita seus cidadãos. Um deles, Marcelo Araujo, conhecido como Batata, também é acusado de falsificação de green card e social security em seu nome. Outro, Lucas Coelho Paiva Rego, preso em 20 de janeiro, em Las Vegas, está com o visto B2 vencido.
O brasileiro Leonardo Augusto Oliveira Santos, preso em Las Vegas em 20 de janeiro, é residente permanente dos EUA.
Dois deles foram presos na Flórida. Lorenzo Ramon Sala Moura, que de acordo com documentos federais é brasileiro, foi preso em 20 de janeiro em Weston e está ilegalmente no país. Davi Dias Fernandes foi preso em Miami no dia 26 de janeiro. Não há informações se eles foram transferidos para Nevada.
André Araujo Rodrigues, também conhecido como Andre Menudo, foi detido e levado ao Cape May County Correctional Center, em New Jersey. Pedro Igor Alves Barbosa, Francisco Rui de Alencar Mendes Filho e Vitor dos Reis foram encaminhados ao Nassau County Correctional Center, em Nova York. Os quatro tiveram habeas corpus concedido para comparecer à audiência em Nevada, no dia 1o de março.
Andreson Clayton Mariano Alcântara, o Foguinho ou “Fogs”, e Amysterdan Barbosa da Silva foram presos em 23 de janeiro em Anaheim, na Califórnia. Os outros acusados são: Fausto Teixeira Martins Neto (Magrello), Carlos Rodrigo dos Santos Braga (Kiko), Bruno Macedo Correia, Bruno dos Santos, Alexandre Lima de Souza, Shiro Noburo Naruse, Henrique Ortolani de Souza Vila Real (Bomba), Rogerio Belarmino da Silva e Felipe Augusto Vicale Martins. Hugo Belmino Garces continua sendo procurado.
Como a investigação está em andamento, ainda não há informações da pena que cada um pode pegar.
Uma audiência está marcada para 1º de março para pelo menos alguns dos integrantes do grupo.