A prisão
Rafael conta que no dia em que foi preso parecia que aquilo tinha que acontecer. “Eu nunca passava naquele posto, mas como não abasteci a van do trabalho no dia anterior, resolvi acordar bem cedo e abastecer naquele posto”, disse. O policial parou na frente de Rafael em um carro sem nenhuma marcação e começou a fazer perguntas. Ao ver que Rafael não sabia inglês muito bem, pediu seus documentos e constatou que ele estava ilegalmente no país. “Quando ele me algemou com as mãos para trás eu vi que tinha caído numa fria. Nunca imaginei sair do meu país para ser preso aqui. Nunca cometi nenhum crime. Eu sabia que corria esse risco”. Depois, prenderam também os dois brasileiros colegas de trabalho de Rafael em outra van. “Os policiais ficam de olho em vans de trabalho de construção. Pararam também meus colegas porque estavam em outra van do trabalho”. Primeiro eles foram enviados ao presídio comum. “Eu nunca tinha entrado em um presídio, levei um choque. Tinha muito americano, ficamos um pouco assustados. Depois, fomos enviados para uma prisão de imigração, onde era mais tranqüilo, na medida do possível”.Tratados como ‘gado’
Rafael conta que na cadeia de imigração, parecia que eles eram tratados como gado. “Eles gritam, mandam na gente e nós temos que obedecer”. Apesar de saber que isso poderia acontecer, Rafael, que está nos EUA há pouco mais de um ano, conta que não imaginava que acontecia com ele. “Você vê tanta gente aqui há 10, 15 anos, que nunca foi presa, mas daí isso aconteceu comigo. Mas acho toda a experiência válida”.