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Brasileiro listado em operação da PF leva vida milionária em NY
Com prisão preventiva decretada pela Polícia Federal de São Paulo desde abril, o empresário Renato De Matteo Reginatto, de 37 anos, listado na operação “Encilhamento” da PF como um dos principais responsáveis por um esquema de desvio de verbas de um fundo de pensões municipais de mais de R$1 bilhão, e considerado foragido, leva vida milionária nos Estados Unidos, estando inclusive em processo para obtenção do green card, segundo informou ao Gazeta News o advogado Eli Cohen, que afirma também ter sido lesado por Reginatto em uma transação imobiliária há 4 anos no Brasil. De acordo com investigação particular feita pelo advogado com a ajuda de contatos e escritórios nos Estados Unidos, desde 2016 nos Estados Unidos, Reginatto realizou transações milionárias como compra de mansões e carros nos EUA, inclusive em Miami, onde morava até dezembro do ano passado antes de se mudar para Nova York, onde está atualmente. “O dinheiro usado nessas transações advêm dos esquemas de fraudes das previdências que ele está envolvido no Brasil, ou seja, de pessoas que trabalharam anos e não poderão se aposentar com dignidade, se é que vão conseguir se aposentar depois dos rombos”, aponta Cohen. Segundo a investigação da Polícia Federal, o rombo nos fundos de pensão em 28 cidades de 7 estados, incluindo São Paulo, Minas Gerais e Paraná, que pode ter chegado a R$ 1.3 bilhão. Reginatto aparece como dono da firma de investimentos FMD Asset, a qual chegou a administrar R$ 590 milhões de fundos municipais, oriundos da poupança de milhares de servidores públicos e aposentados. “Renato De Matteo Reginatto participou ativamente de fraude a licitação, juntamente com sua sócia Patrícia Misson, na contratação de sua empresa então denominada Di Matteo Consultoria pelo RPPS de Uberlândia/MG, bem como foi o principal responsável por toda a mudança da carteira de investimentos realizada por este RPPS. Documentos demonstram a tentativa de Renato de Matteo enviar cerca de U$ 6,5 milhões de dólares ao exterior por meio da Gradual, dinheiro este possivelmente oriundo de RPPS´s por meio do Fundo SCULPTOR (que foi recentemente fechado pela GRADUAL para novos resgates e cotistas). Sua consultoria, então denominada DI MATTEO, já foi contratada pelo RPPS de PAULÍNIA/SP, outro RPPS com fortes suspeitas de fraudes que podem atingir a casa das centenas de milhões de reais”, consta no documento da PF. Mansões em Miami e NY Desde dezembro de 2017, segundo documentos apresentados por Cohen, o empresário teria comprado um apartamento em Manhattan, Nova York, por US$ 6.5 milhões, uma casa em Miami por US$ 3.5 milhões e um barco de 64 pés (19.5 metros) por US$ 1.1 milhão. Ele possui ainda dois imóveis em Boston (MA) que juntos totalizam US$ 2.3 milhões. “O dinheiro utilizado nessas compras vem de contas localizadas em paraísos fiscais (offshore) nas Ilhas Virgens, citadas na Operação Encilhamento”, aponta o advogado. “Tem muitas outras coisas que estão mais escondidas, mas o principal é saber que ele é foragido da justiça que leva vida de milionário aí nos EUA à custa desse dinheiro todo que tirou de quem vai precisar para se aposentar no Brasil, o que é um absurdo”, completa Cohen. Além disso, em abril desse ano, já com a prisão preventiva decretada pela polícia, o empresário teria conseguido fazer uma transação imobiliária no Brasil, na qual se vendeu um apartamento no Jardim Paulista por R$ 1.199 milhão, por meio de outra empresa pertencente à ele- Immobiliare. Reginatto teria obtido a autorização de trabalho em setembro do ano passado, válida por um ano, e está em vias da obtenção do Green Card. Segundo Cohen, as informações denunciando o empresário brasileiro foram enviadas também para o Federal Bureau of Investigation (FBI) e também para o U. S. Immigration and Customs Enforcement (ICE). “As investigações no Brasil já estavam caminhando, mas acredito que agora, sabendo que ele está em via de se legalizar nos Estados Unidos, as autoridades brasileiras e americanas irão fazer algo a respeito, uma vez que se trata de um brasileiro que está levando uma vida de luxo e tentando se legalizar enquanto é foragido da justiça em outro país”, menciona. Operação Encilhamento A Operação “Encilhamento” da PF é um braço da investigação da Lava Jato “Papel Fantasma”, que foi deflagrada em julho de 2017 e iniciou a investigação de fraudes na “indústria” de fundos de pensão de diversas cidades. Além de Reginatto, em abril a PF emitiu outros 19 mandados de prisão em nome dos suspeitos, que incluem o ex-prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado, a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, Fernanda de Lima, presidente da empresa Gradual, que estão presos. “Na verdade, ele não imaginava que eu conseguiria nomes de empresas offshores e outras documentações sobre os investimentos dele em paraísos fiscais que ele começou em 2012, numa época em que estava no auge, mas que, inclusive, terminou com políticos que hoje estão presos”, cita Cohen. Em 2014, Reginatto foi candidato a Deputado Federal pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas não foi eleito.