Um brasileiro está sendo acusado de praticar, nos Estados Unidos, um esquema de pirâmide financeira que já movimentou mais de $15 milhões de dólares. O paulista Daniel Fernandes Rojo Filho, de 47 anos, CEO da DFRF Enterprises, com sede em Orlando, e mais seis supostos ajudantes estão sendo processados pelo Securities Exchange Commission (SEC), órgão regulador de mercados financeiros dos EUA, com base em Massachusetts. As atividades e bens da empresa foram congelados.
“A estratégia de vendas do acusado combina histórias de minas de ouro lucrativas, promessas de grandes lucros, promessas de ajudar os necessitados e apelações para que membros se unam à ‘família DFRF’. Os acusados declaram que a DFRF tem mais de 50 minas de ouro no Brasil e na África, produz de 13 a 16 toneladas métricas de ouro por mês, e tem um lucro líquido de 100% de cada quilo de ouro que produz”, diz o processo do SEC, datado de 30 de junho de 2015. “Eles declaram que a DFRF tem uma linha de crédito com um banco suíço privado que triplica seus fundos disponíveis, que destina 25% de seu lucro a trabalhos de caridade na África, oferece um crédito de 10% pelo recrutamento de novos membros e paga 15% por mês a investidores. Eles também afirmam que o dinheiro do investidor é totalmente garantido por uma companhia mundial de seguro”.
Além disso, de acordo com o SEC, Rojo Filho anunciou, no fim de março deste ano, que a empresa era registrada junto ao órgão regulador financeiro e que estava planejando abrir o capital da DFRF, lançando ações na Bolsa de Valores. Inicialmente, Rojo Filho estimou que o valor da ação era $15.06 dólares e que as negociações públicas de ações começariam no meio de abril de 2015. Desde então, de acordo com o SEC, a data foi adiada com justificativas diferentes. No dia 17 de junho, Rojo Filho declarou que, mesmo sem ter sido iniciada, a ação da DFRF estava custando mais de $64 dólares.
O SEC, no entanto, defende que todas as declarações da DFRF são falsas: “Não há minas de ouro. Não há linha de crédito. Não há trabalho de caridade. Não há registro de ações. Não há seguro. Mas mesmo assim, de junho de 2014 a maio de 2015, a DFRF levantou mais de $15 milhões de dólares de 1,4 mil investidores no mundo todo”. O mínimo a ser investido era $1 mil dólares, conforme estabelecido pela empresa, disse o SEC.
Até hoje, de acordo com o SEC, a DFRF pagou aproximadamente $1.6 milhão de dólares de volta a investidores. “Pelo fato de não ter outra fonte de lucro, é aparente que a DFRF, em um modo clássico de esquema de pirâmide financeira, está usando o dinheiro de alguns investidores para pagar outros investidores”.
O SEC também acusa o CEO da empresa de usar o dinheiro de investidores em benefício próprio, tendo retirado da empresa, desde junho de 2014, $6 milhões de dólares, aproximadamente 40% do total recebido de investidores. Parte do dinheiro teria sido usado em uma frota de automóveis de luxo.
Flórida e Massachusetts
As propostas eram feitas a investidores da comunidade brasileira e hispânica, especialmente na Flórida e em Massachusetts, mas também em outros estados do país. O empresário, ajudado por auxiliares, começou a oferecer “parcerias” na DFRF no ano passado, em encontros com potenciais investidores, que eram realizados em salas de reunião de hotéis, empresas ou na própria casa dos investidores.De junho de 2014 até março de 2015, os investimentos na empresa saltaram de menos de $100 mil dólares para mais de $4 milhões de dólares devido à adesão de novos membros ao esquema, segundo a SEC.
Os outros seis acusados por trabalharem com o empresário são: Wanderley M. Dalman, de 49 anos, que vive em Massachusetts; Gaspar C. Jesus, de 54 anos, que vive em Massachusetts; Eduardo N. Da Silva, de 40 anos, que vive em Orlando; Heriberto C. Perez Valdes, de 49 anos, que vive em Miami; Jeffrey A. Feldman, de 56 anos, que vive em Boca Raton; e Romildo Da Cunha, de 48 anos, que vive no Brasil. Rojo Filho vive em Winter Garden, na Flórida.
Empresa se defende
No dia 5, a empresa publicou uma defesa no site Clubedosmilionarios.com.br, na qual afirma que “chegou a nossa porta uma conspiração para nos derrubarem”. “Caso toda operação nos Estados Unidos sofra intervenções, não afetará absolutamente em nada nossa performance no mercado mundial”, escreve Rojos Filho no texto. Ele afirma que fará uma reunião no dia 10 com o governo norte-americano, e que, depois disso, pretende tomar medidas “conservadoras” (entre aspas no próprio texto) apenas dentro dos Estados Unidos. Com informações do UOL.Veja mais trechos da declaração publicada no site:
· “Já cuidamos em relocar toda a nossa plataforma de processamentos fora do país há mais de 3 meses, portanto, estamos seguros, especialmente com uma ‘liquidez’ extraordinária”.· “O governo local não tem como saber, nem como encontrar ou sequer sonhar como, aonde, porque e de que forma temos, fazemos e poderemos seguir de forma ‘ilimitada’”.
· “As leis nos Estados Unidos são muito complexas, aqui tudo é muito rigoroso, restrito e, quando existem reclamações formais, as agências são obrigadas a tomar ações. Sabendo disso, aqueles que se declaram abertamente como nossos inimigos, se aproveitam para fazer ‘centenas’ de denúncias, a fim de provocar as investigações”.
· “Temos nossos ativos hoje de forma líquida e espalhados por 29 países. Mesmo que tivéssemos que paralisar toda e qualquer produção, já temos ouro físico e muito dinheiro suficiente para manter e suportar a todos os membros pelos próximos 200 anos”.
· “Sigamos na Fé, apoiando-nos mutuamente e, demonstraremos imediatamente a todos os nossos membros, que realmente ‘nós somos diferentes’ e, extremamente sólidos, inabaláveis”.