Brasileira que atua em projetos de apoio a mulheres no sul da Flórida recebe ordem de deportação
Por Arlaine Castro
A brasileira Tatiana Gonçalves mora há 14 anos no sul da Flórida e na semana passada, dia 19, recebeu uma ordem de deportação ao fazer o 'check-in' regular na agência do U. S. Immigration and Customs Enforcement (ICE). Atuante na comunidade brasileira do sul da Flórida e liderando projetos de apoio a mulheres vítimas de abusos, ela contou ao Gazeta News sua luta contra a deportação. Casada há oito anos com cidadão americano e com um filho de 6 anos nascido nos Estados Unidos, Gonçalves, que é de Minas Gerais e mora em Boca Raton, conta que entrou com o processo há sete anos para regularizar sua situação. Para isso, conforme exigido, enviou o pedido para obter o "perdão" das autoridades americanas por ter entrado ilegalmente pelo México em 2005 e por não ter comparecido ao tribunal logo depois. Como não tinha resposta do processo, Gonçalves passou todos esses anos se apresentando regularmente na agência de imigração para o conhecido 'check-in' que os imigrantes precisam fazer para mostrar que continuam em território americano, tem residência fixa e etc. No entanto, a surpresa veio no último check-in que realizou no dia 19 de abril e obteve uma resposta diferente do agente. "Me disseram que eu teria que sair do país até outubro e levar minha passagem comprada lá em agosto", contou. Produtor premiado no Emmy luta contra deportação para o Equador De acordo com Gonçalves, conforme orientação dos advogados, ela aguarda agora a resposta do pedido do formulário (I-212 - Pedido de Permissão para Reaplicar para Admissão nos Estados Unidos após a Deportação ou Remoção) que enviou em novembro, após a negativa do processo, e uma nova apresentação à imigração está marcada com os advogados para o dia 30 deste mês, onde vão verificar o andamento do processo. "Preciso que meu formulário I-212 seja aprovado para eu conseguir ficar e tentar novo processo. Minha esperança é porque já tínhamos mandado o formulário I-601 (Pedido de Dispensa de Inadmissibilidade) quando a juíza do Texas reabriu o caso e enviou para Miami", explicou. Caso seja aprovado o I-212, segundo a brasileira, será apresentado o I-601A (Programa de Isenção de Permanência Legal Provisória) para que ela não precise sair do país enquanto aguarda o processo. "Espero por um milagre", afirma. Livro e Projetos de apoio a mulheres vítimas de violência Conhecida na comunidade brasileira do sul da Flórida, Gonçalves atua como voluntária em projetos de apoio à família e a mulheres que são vítimas de violência doméstica. Para isso, fundou a Family Foundation - onde ajuda mulheres vítimas de abusos e traumas. Além da sua fundação, ela apoia a fundação House of Protection - grupo criado com o intuito de dar ajuda e orientação a famílias. Ativista em filme sobre prisão de imigração tem deportação marcada, diz família Em março do ano passado, a mineira, que também trabalha com o marido em um escritório de planos de previdência e seguros e revende cosméticos, ficou ainda mais conhecida após ter a coragem de registrar no livro "Nunca estive só" - onde conta sua própria história de vida que envolve abuso sexual infantil. "Meu livro fala dos traumas de infância como abuso sexual aos 6 anos de idade. Hoje luto pelas famílias pois eu sei o que não é ter uma família unida e equilibrada emocionalmente", destaca a brasileira, que conta um pouco de cada face de sua vida até aos 40 anos na obra. Leia também Suprema Corte para deportação de brasileiro e abre precedentesItamaraty analisa diminuir burocracia para deportação de brasileiros dos EUA