Uma jovem bióloga brasiliense, Thaís Vasconcelos, de 29 anos, ex-aluna da Universidade de Brasília (UnB), ganhou o prêmio de "melhor tese de doutorado em biologia do Reino Unido". A medalha John C. Marsden foi concedida há duas semanas pela Linnean Society de Londres, uma das mais antigas e renomadas instituições do país inglês.
O Prêmio foi dado pela mesma instituição onde o naturalista britânico Charles Darwin apresentou em 1858 a teoria da evolução das espécies, – base da "seleção natural" – à mesma sociedade de cientistas. A premiação é equivalente à concedida anualmente, no Brasil, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Formada em Ciências Biológicas com doutorado em botânica, a brasileira é a primeira latino-americana a ganhar o prêmio da Linnean Society nessa categoria. Ela foi estudar no Reino Unido graças a uma bolsa da Capes e do antigo programa Ciências sem Fronteiras em 2013.
Alguns capítulos da tese de Thaís foram publicados em respeitados periódicos científicos internacionais. A brasileira é especialista em plantas tropicais e conseguiu mapear a relação do formato das flores com as abelhas responsáveis pela polinização, além de reconstruir a história evolutiva de grupos de plantas através da comparação do material genético de espécies diferentes – uma das mais específicas pesquisas do ramo.
Na prática, Thaís conta que o estudo das plantas ajudou a desenvolver conceitos da biologia evolutiva – uma subdivisão da área que estuda a origem e a descendência das espécies, assim como suas mudanças ao longo do tempo.
"Em todos os escossistemas da América do Sul, essas plantas são diversas e muito importantes na ecologia desses biomas. Vários animais interagem com elas, por isso esperava-se que os formatos da flores mudassem, mas isso não acontece tanto", explicou em entrevista ao portal G1.
Para Thaís, o prêmio serve como incentivo à pesquisa e à ciência no Brasil, considerada por ela "ainda com pouco investimento".
Desde julho de 2016, em meio à crise econômica, asinstituições de ensino federais e estaduais reduziram em até 99% o número de alunos enviados ao exterior até o ano passado.
"A gente vê que a maioria dos [prêmios] Nobel é de lá [Inglaterra], que os cientistas de destaque são de lá. Não é porque nós não temos capacidade, mas porque lá investem mais em ciência", disse ao G1.
Com informações do Correio Braziliense e G1.