Brasileira de Dania Beach mostra a importância dos locais adaptados para deficientes físicos

Por Marisa Arruda Barbosa

A perda dos movimentos nas pernas aos 10 anos de idade nunca foi motivo para parar a carioca Debora Pedroso, de 48 anos. Durante 23 anos, ela foi jogadora de basquete, já foi atriz, trabalhou em escritório e quando veio morar nos Estados Unidos chegou a trabalhar até mesmo com limpeza, com a ajuda do marido. Com tanta experiência e disposição, Debora passou a realizar palestras para outros cadeirantes, para os quais ela serve de exemplo.

Vivendo nos Estados Unidos desde 2006, Debora, assim como todo o brasileiro, passou a comparar Brasil e EUA. Mas, para ela, há um ponto a mais: a acessibilidade. Foi assim que a carioca do Meier teve a ideia de lançar, há aproximadamente dois meses, o site ViagemAcessível.com. “Antes eu fazia os vídeos das minhas viagens, colocava no YouTube ou no Facebook, até que decidi colocar tudo em um site”, disse ela, que também é webdesigner.

No Brasil, segundo Debora, são poucos os lugares adaptados a cadeirantes, o que acaba estragando uma viagem inteira. “Se o banheiro não é acessível, você não pode tomar um suco ou mesmo uma cerveja, se sabe que vai demorar a chegar em casa”, descreve. “Já nos EUA, às vezes, o banheiro adaptado não é visível, mas com certeza existe”.

A ideia do site é mostrar a infraestrutrura das cidades, como andar de trem, ônibus, metrô. “A maioria das cidades dos EUA é acessível, talvez por causa dos veteranos de guerra. Espero que o meu site também sirva de parâmetro para que o Brasil se torne mais acessível”, disse. “As vagas de estacionamento especiais aqui, nos EUA, são muito respeitadas, enquanto no Brasil eu tinha que lutar o tempo todo para conscientizar as pessoas. Aqui, enquanto deficiente, também consigo encontrar a qualidade de vida que todo brasileiro busca nos EUA”.

Do vírus à adaptação Aos 10 anos de idade, Debora contraiu um vírus raro, chamado Síndrome de Guillambarré, que fez com que perdesse os movimentos das pernas da noite para o dia.

Por anos, Debora ficou em tratamento, fez cirurgias, mas nunca recuperou o movimento das pernas. “Hoje em dia, há tratamentos para a recuperação com o uso de antivirais, se feito dentro de seis meses, mas na época ninguém conhecia o vírus e o meu foi o primeiro caso do Brasil”, explica.

Aos 17 anos, Debora começou a praticar basquete em cadeira de rodas e chegou a jogar na Seleção Brasileira Feminina de basquete em cadeira de rodas, chegando a competir, em 2005, no Colorado. Foi aí que ela conheceu o seu atual marido, motivo que fez com que se mudasse para Dania Beach, no ano seguinte.

Debora largou o basquete profissional, mas nunca parou de praticar esportes, o que, segundo ela, fez toda a diferença em sua vida.

“Eu passei a conviver com outros deficientes e isso me fez ver o quanto a reabilitação através do esporte é fantástica. Você aprende com os outros a ter a sua independência”, disse ela. “Eu tenho um carro adaptado, consigo colocar a cadeira de rodas no carro, cozinho e viajo sozinha, desde que tenha todas as adaptações”.

Exemplo

Em paralelo ao esporte, Debora se envolveu por algum tempo com o teatro. Ela e outras cadeirantes ficaram em cartaz com a peça “Mulheres Rodadas”, uma peça de conscientização ao público. Depois disso, a carioca passou a realizar palestras, no Brasil, para ensinar às outras pessoas a se adaptar a essa vida.

Ao chegar aos EUA, Debora conta que, como todo o imigrante, fez todo o tipo de trabalho e até iniciou uma companhia de limpeza de prédios comerciais junto com o marido. Depois, finalmente começou a se dedicar ao trabalho de webdesigner e é representante comercial de uma marca de suplementos, além, claro, do site ViagemAcessível.com.

Para mais informações, visite: Viagemacessivel.com