Recebido como pop star em Deerfield Beach, e falando para uma plateia de fãs de mais de 600 pessoas – número divulgado pela administração do restaurante Padano Bar & Grill-, o presidenciável Jair Messias Bolsonaro, Deputado Federal pelo Rio de Janeiro (PSC-RJ), praticamente repetiu seu discurso cheio de polêmicas mas num tom sutilmente filtrado em encontro com brasileiros no domingo, 8, organizado pela promotora Karol Eller.
Ao lado dos filhos Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro, afirmou que quer “trabalhar para unir os brasileiros” e que é uma “proposta diferente” do que se vê no Brasil.
O pré-candidato usou seus primeiros minutos de fala para criticar a revista Veja e a Folha de São Paulo, que diz persegui-lo, e afirmou que o motivo da sua vinda ao país é para “conversar com pessoas e se aproximar de países democratas – no caso os Estados Unidos- para explorar possibilidades de parcerias em investimentos”.
Questionado sobre o que fará em relação aos brasileiros que vivem nos EUA, ele disse que prefere “não dar palpite na política imigratória de Trump”, e criticou a política imigratória do Brasil, de abrir a fronteira para receber refugiados.
Sobre a comparação ao presidente Donald Trump, analogia que vem sendo feita pela imprensa norte-americana, Bolsonaro se sentiu confortável com a similaridade. “O que eu vejo ele fazendo não é diferente do que prometeu e discursou. Os rótulos que o Trump tem aqui, eu já tinha há 3 anos. O que eu falo é muito parecido com o (o que o) Trump (fala) mas não tenho a preocupação de agradar a A, B, C ou D. Se eu chegar lá, pode ter certeza que ele (Trump) terá um grande aliado lá no hemisfério Sul”, afirmou o deputado.
Sobre aliados, também não descartou uma possível parceria com o deputado Marco Feliciano (PSC) como vice-presidente na sua chapa.
Polêmicas e Proposta de Governo
Aqui nos Estado Unidos Bolsonaro vem repetindo o mesmo discurso polêmico que lhe rendeu notoriedade até agora. Defendeu a militarização das escolas como forma de lidar com a violência nas salas de aulas, e o empoderamento da polícia do Brasil, com mais liberdade para usar suas armas. O pré-candidato também defende a liberação de porte de arma no Brasil e mudanças na legislação para reduzir a punição de civis e policiais em processos por uso de armas.Ele, que no passado afirmou que FHC deveria ser fuzilado por ter feito privatizações, agora defende a bandeira. Disse que o país “tem que partir para privatizações, mas sem jogar as empresas para cima”.
Em entrevistas recentes, no Brasil, fez ressalvas para setores estratégicos, como a geração de energia, que devem continuar como estatais, mas por outro lado aventou a possibilidade de parcerias com os Estados Unidos na construção de hidroelétricas. Destacou, ontem, que “gostaria de abrir as portas aos EUA” para discutir possibilidades de parceria público-privada investimentos norte-americanos no Brasil em troca de royalties, como nos caso de construção de hidroelétricas para o norte do país.
Quanto a propostas concretas para governar o Brasil, caso eleito, falou com poucos detalhes já que não pode apresentar plataforma de governo enquanto não for candidato oficial. Mas destacou os pilares da sua campanha que são armamento, redução da maioridade penal, parcerias para militarização de parte das escolas brasileiras, fortalecimento de comércio exterior e exploração das riquezas do Brasil e desburocratização e alívio de carga tributária.
Questionado sobre a governabilidade de uma possível administração, disse que já se reuniu com nove parlamentares com chance de serem reeleitos, para discutir como governar sem “toma lá, dá cá”. Deve receber em breve mais 20 parlamentares para alinhar discurso.
Com relação à sua posição mais polêmica, contra o homossexualismo, não levantou bandeira homofóbica na Flórida. Depois da palestra o candidato fez um corpo-a-corpo com a comunidade, fora do restaurante, e viajou neste domingo, 8, para Boston onde deve ter encontro com a comunidade local.
Num possível cenário de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da ex-ministra Marina da Silva (Rede), Jair Bolsonaro aparece com 19,8% de intenções de voto, segundo o instituto DataFolha. Lula teria 32,4% Marina 12,1%. O único candidato que poderia tirar votos de Bolsonaro, segundo cientistas políticos, seria o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que diz que “até agora” não tem intenção de concorrer.