BAAA ? Vamos à luta!
Que o momento da comunidade brasileira nos Estados Unidos é de conquista de um primeiro “step” de maturidade, ninguém – de bom senso – tem dúvida. São inúmeras as demonstrações dessa maturidades nos quatro cantos do país. Vamos enumerar algumas:
1 - A reunião em Washington-DC definindo (pela primeira vez na história) uma política oficial do Itamaraty em relação às comunidades brasileiras no exterior.
2 - A celebração do convênio entre o Broward Center for The Performing Arts com o Ministério da Cultura para a implantação nacional dos “Pontos de Cultura” brasileiros nos Estados Unidos.
3 - O inegável – para muitos surpreendente – êxito do “Fórum Brasileiro” promovido pelo Centro Cultural Brasil-USA em conjunto com a Central de Bibliotecas de Broward Center.
4 - Realização da “Brazilian Celebration” com total empenho da Rede Record, que investiu 400 mil dólares num evento que nasceu para reproduzir na maior comunidade brasileira dos Estados Unidos, a mística e o sucesso do já consagrado “Brazilian Day” de New York.
5 - A realização de mais de 36 celebrações de nosso Mês da Pátria em 20 diferentes estados norte-americanos.
6 - A inauguração da “Sala Machado de Assis” no Consulado Geral do Brasil em Miami, um espaço democrático dedicado à cultura e aos eventos do mais alto interesse da comunidade brasileira na Flórida.
7 – A inauguração do “Teatro TAM-Boston”, levando à maior concentração de brasileiros em terrritório norte-americano, a mesma abordagem de cultura, qualidade e seriedade que marcou o surgimento do “Teatro TAM-Miami”.
8 – A consolidação do “Brazilian International Press Award” como a vitrine de qualidade, prestígio, estímulo e reconhecimento a quem promove a imagem positiva do Brasil e de nossa cultura nos Estados Unidos.
9 – A entrada no ar (em fase final de implantação) de dois novos canais de TV via Dish Network para ampliar a oferta de produtos e serviços à comunidade brasileira nos Estados Unidos.
10 – A consolidação da BAAA – Brazilian-American Advertisiment Association, entidade que planeja agregar as empresas de comunicação, publicidade e produção, voltadas para o mercado brasileiro nos Estados Unidos.
É exatamente sobre esse ítem número 10, que me diz respeito de forma muito direta e íntima (afinal sou jornalista, produtor e empresário no ramo de comunicação e eventos brasileiros nos Estados Unidos desde 1989), que desejo falar um pouco mais.
A importância da BAAA é muito grande. Seu sucesso (que reputo, inevitável) será um marco divisor entre um passado de fragilidade, batalhas cotidianas, pioneirismo, incompreensão, aventureirismo (no bom e no mau sentidos) e um futuro onde a mídia brasileira nos Estados Unidos será o mais importante e acreditado elemento de fortalecimento de nossa identidade, diante de nós mesmos e das instituições norte-americanas.
O Embaixador João Almino tem sido particularmente feliz em ressaltar o papel dos jornais, revistas e sites brasileiros na manutenção da nossa identidade cívica e cultural nos Estados Unidos. A Televisão de rede ainda não cumpre esse papel, visto que se limita a oferecer aqui o seu “pacote” pronto de programação, salvo a honrosa e premiada exceção do “Planeta Brasil”, da Globo. Mas esta realidade está mudando. A Globo no “Brazilian Day” e a Record no “Brazilian Celebration” são prova disso. Iniciativas e projetos de executivos como José Nunes (Dish Network), Amaury Soares (Globo) e Adriana Marchetti (Record) devem ser vistas com grande entusiasmo. Há um sincero e inegável compromisso em ambos em ampliar ao máximo os laços das grandes redes com a nossa comunidade.
Entendo que é imperativo que Globo e Record se associem à BAAA. A concretização e fortalecimento dessa entidade, que deve incluir todos os veículos representativos da comunicação brasileira nos Estados Unidos é o “turning point” desse processo.
Como bem definiu o presidente da BAAA, publicitário Lineu Vitale, as vantagens de estar dentro do “barco” da Brazilian American Advertising Association vão muito além do mero “o que é que eu vou ganhar com isso”. Pode ser antigo e surrado como for, mas não existe ditado mais certo do que “a união faz a força”.
Por isso dediquei este editorial de uma forma bem específica a todos os que, direta ou indiretamente estariam envolvidos no processo de “maturação” de nossa comunidade e escolhí o fortalecimento da BAAA como destaque. A nossa comunidade que já foi meramente “aventureira”, “transitória” ou “desassumida”, é hoje majoritáriamente uma comunidade centrada na permanência, na família, na sedimentação de valores específicos de nossa biculturalidade. Esse é o nosso caminho. O caminho dos que aqui estão e, na maioria dos casos, aqui permanecerão.
Esse é o caminho de uma comunidade que quer ser identificada como brasileira e não como uma capitania dos Latinos ou um apêndice dos Hispânicos.
Temos uma grande chance de demarcarmos esse espaço.
Vamos à luta.