Avós do menino Nico são presos em Miami acusados de sequestro internacional

Por Arlaine Castro

chris brann and Nico facebook
Os avós maternos do menino Nicolas Brann, hoje com oito anos, que foi levado para o Brasil em 2013 pela mãe sem autorização do pai americano e por lá é mantido até hoje sob custódia da mãe, foram detidos em Miami na manhã de quarta-feira, 7, ao desembarcarem no Aeroporto Internacional de Miami, acusados ??de serem cúmplices no sequestro do neto. A prisão do casal, Carlos Otavio Guimarães e Jemima Guimarães, é um caso raro de brasileiros que enfrentam acusações criminais nos Estados Unidos decorrentes de uma batalha de custódia. O casal está sendo acusado pela Procuradoria norte-americana dos crimes de sequestro internacional de menor e formação de quadrilha (“conspiracy”) por ajudar a filha, Marcelle Guimarães, a levar o filho para o Brasil em julho de 2013, onde então pediu a custódia exclusiva dele e a tem até hoje, violando um acordo legal com seu ex-marido, que vive em Houston, no Texas. Como o caso se arrasta na justiça há anos, a prisão do casal se deve ao fato de o F.B.I. ter apresentado uma queixa criminal contra os dois e a filha no Texas em março passado, segundo informação divulgada pelo The New York Times. O agente especial do FBI , Christopher Petrowski, escreveu no documento de acusação que os avós são cúmplices no rapto do neto e citaram como evidência de que a criança fora matriculada meses antes da viagem em uma escola em Salvador (BA) que é administrada pela família. Nico, como é chamado carinhosamente o garoto, está no centro de uma batalha de custódia que já dura quase 5 anos. Seu pai, Chris Brann, disse ao Gazeta News nesta quarta-feira, 7, que está muito emocionado e espera que a justiça seja feita e que o filho possa ter o convívio com ambos os pais. “Tenho a esperança de que Marcelle faça o que é certo e devolva o Nico. Eu nunca quis que isso acontecesse dessa forma, mas, finalmente, não tive escolha. Só desejo que Nico tenha ambos os pais em sua vida. Eu acho que é uma oportunidade para eles aceitarem e retornarem com o Nico para os Estados Unidos”, afirmou emocionado. “Espero ver o Nico em breve novamente. Ela só pode ser presa nos EUA. Mas se ela o trouxer de volta por vontade própria, estou certo de que o sistema judicial consideraria isso e, obviamente, eu defenderia para que todos seguíssemos com nossas vidas”. Marcelle Guimares também é acusada na denúncia criminal, que foi arquivada no tribunal federal no Texas. Ela e Nicolas, que tem 8 anos, permanecem no Brasil. O Gazeta News acompanha o caso desde 2015 e publicou diversas matérias sobre a busca do o pai, Chris Brann, pelo filho no Brasil. Em entrevistas anteriores sobre o caso, Brann disse ir ao Brasil de 3 a 4 vezes por ano, onde passa cerca de 7 dias com o filho em Salvador, onde a criança mora com a família materna. Porém, o acesso ao menino se dá por visitas monitoradas por “pessoas de confiança” da família, que explica Brann, ser influente em Salvador, por isso a dificuldade em conseguir a guarda compartilhada do garoto. Na época, Marcelle usou o pretexto de um casamento na família para obter permissão do pai para viajar com o filho para o Brasil, A viagem duraria apenas alguns dias, mas segundo Brann, tão logo chegou em Salvador, Marcelle conseguiu uma guarda provisória do filho e desde então não retornou e o caso se arrasta pela justiça. Os avós e a mãe de Nico possuem dupla cidadania, americana e brasileira, de acordo com um resumo da disputa de custódia elaborada pelo advogado do Sr. Brann, Jared Genser. O pai de Marcelle é um executivo sênior da ED & F MAN, uma empresa multinacional de commodities agrícolas.

O Consulado-Geral do Brasil em Miami divulgou nota à imprensa onde informa que tem acompanhado o caso do casal detido. "Na manhã de quinta-feira foi realizada visita do assessor jurídico do Consulado-Geral a Carlos Guimarães e Jemima Guimarães no centro de detenção federal, em Miami. Os cidadãos brasileiros encontram-se em boa situação de saúde e receberam a assistência consular cabível".

Ainda segundo o Consulado, um advogado particular nos EUA foi contratado pela família para defender o casal.

"O Consulado-Geral mantém permanente contato com membro da família dos brasileiros e com seu advogado. Apróxima audiência judicial está marcada, a princípio, para o dia 12 de fevereiro na corte federal em Miami", informa a nota.

As lutas legais prolongadas sobre as acusações de sequestros parentais têm sido um entrave nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil há anos. Um caso similar levou o Congresso em 2014 a aprovar uma lei que buscava fortalecer a capacidade do governo de reunir pais americanos com crianças que foram levadas para o exterior.