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Aumentam mortes infantis por afogamento durante a pandemia
A pandemia de coronavírus está afetando quase todos os modos de vida, inclusive os riscos que cercam as crianças no ambiente doméstico. Afogamento, queimaduras, quedas, presas dentro de carros - estes são alguns dos acidentes mais comuns entre crianças em casa. O afogamento é a principal causa evitável de morte para crianças menores de 4 anos. Mas esta estatística só piorou este ano durante a pandemia na Flórida. Especialistas dizem que, com as crianças em casa por períodos mais longos na primavera e no verão por causa da pandemia, tem havido mais afogamentos em comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a abril, houve um aumento de 100% nas crianças pequenas que se afogaram na Flórida em comparação com o mesmo período de 2019, de acordo com dados da Safe Kids Worldwide, uma organização que trabalha para proteger as crianças de lesões não intencionais. De maio a junho, o aumento em todo o estado diminuiu para cerca de 38%, mas isso ainda significa nove mortes a mais do que na época do ano passado, disse Malvina Duncan, coordenadora do Safe-Miami-Dade Kids. Os números do condado não são divulgados até o ano seguinte. Broward tem sido historicamente o condado com os afogamentos mais fatais, seguido por Miami-Dade e Palm Beach, alerta a coordenadora. A principal razão para os acidentes são piscinas em casa. No mais recente caso reportado, uma criança de 21 meses se afogou no dia 14 de junho em uma piscina de uma casa em Boca Raton, segundo o Departamento de Infância e Família da Flórida. Sua morte marca a segunda criança relatada se afogando no condado de Palm Beach desde janeiro, de acordo com dados do estado. Uma criança de 2 anos morreu em abril, dias depois de ser encontrada sem resposta em uma piscina de Lake Worth Beach. Como evitar Duncan, que também é coordenadora de prevenção de lesões do Hospital Infantil Nicklaus, disse que quatro regras devem ser seguidas para promover uma natação segura e evitar afogamentos. São elas: instruções, supervisão, barreiras de segurança e socorro rápido. Leia mais dicas de segurança no link Verão: época de atenção redobrada com as crianças em piscinas e carros “Fui ao banheiro e quando voltei, ele não estava” Casos de acidentes e fatalidades do tipo não são incomuns na comunidade brasileira, infelizmente. Foi assim, numa piscina no quintal de casa, que a brasileira Martha Batista viveu um susto muito grande com o filho Derek, 4 anos, em Longwood, no condado de Seminole, região central da Flórida, em 2019. A gaúcha relembra que estava sozinha em casa e num minuto que foi ao banheiro, tudo aconteceu. "Eu estava fazendo comida e o Derek assistindo TV. Eu fui ao banheiro e quando voltei ele não estava. Procurei pela casa toda. Na garagem, embaixo de tudo. E como ele não abria a porta dos fundos de casa, a piscina foi o último lugar que eu fui olhar”. Ela encontrou o filho caído na piscina. “Eu o encontrei desacordado. Tirei ele da piscina, corri com ele nos braços para a frente de casa e comecei a fazer os primeiros socorros enquanto gritava por ajuda. Foi uma situação bem difícil, aquele momento de desespero você nem pensa em nada. Foi quando um senhor passou e entrou na garagem onde eu tava. Ele chamou a emergência Foi muito difícil ver meu filho praticamente morto. Meu coração tava dilacerado”, relembra emocionada. Segundo Martha, o filho, que tem síndrome de down, ficou dois em observação no hospital. Durante esse tempo, ela foi afastada dele enquanto a polícia investigava para comprovar se tinha sido realmente um acidente. “Foi feita a perícia em casa e comprovado que foi acidente. No dia seguinte, foram colocadas travas nas portas em cima, fora do alcance dele, e a proteção na piscina. Pois se não fosse assim, meu filho não poderia ser liberado pra voltar para casa”, relata. E deixa o recado a outras mães e pais: “Minha história não é engraçada, mas é real. Acho importante aqui na Flórida termos noções disso e que todo cuidado é pouco. E aprendi. Hoje, se vou no banheiro, levo ele junto”, finaliza emocionada. Mortes dentro de carros Por outro lado, o número de fatalidades de crianças esquecidas dentro de carros sob o forte calor da Flórida diminuiu. Até agora, este ano, 11 crianças deixadas em veículos em todo o país morreram, com seis até agora neste verão. Apenas uma delas estava na Flórida - uma criança de 10 meses em Clewiston em 28 de maio, segundo a kidsandcars.org. Embora mortes dentro de carros quentes sejam relatadas em todos os meses do ano nos Estados Unidos, julho é o mês de maior número de mortes. A maioria das fatalidades ocorre em crianças de 3 anos ou menos. O meteorologista Jan Null, especialista nacional em carros quentes que acompanha as mortes desde 1998, disse que ocorrem em média 39 mortes por ano e a Flórida fica em segundo lugar nas mortes por carros quentes, logo atrás do Texas. "Muitas pessoas não percebem a rapidez com que o calor de um carro aumenta, chegando a 67% mais quente do que a temperatura externa em apenas 20 minutos", diz o especialista. As temperaturas não precisam estar em 90°F para causar insolação infantil. Em abril, uma criança de 5 anos morreu em um carro no Texas quando a temperatura estava em apenas 78°F. Porém, com a pandemia, tem havido uma mudança com relação a esse tipo de acidente. De acordo com kidsandcars.org, em um ano típico, 25% das mortes por carros quentes ocorrem quando uma criança entra no veículo por conta própria. Este ano, esse número saltou para 55%. A maioria dessas tragédias acontece em casa. Como evitar O site Noheatstroke.org fornece dicas valiosas sobre a proteção de crianças, incluindo:
- Nunca deixe uma criança sozinha por um minuto sequer dentro de um veículo
- Cheque o banco de trás antes de sair do carro ou coloque um brinquedoobjeto ou nota no banco da frente para lembrar que a criança está no banco de trás.
- As crianças sempre devem ser alertadas de que os carros não são local para brincar.
- Lique para o 911 se vir uma criança sozinha dentro de um veículo.