O número total de imigrantes naturalizados nos EUA aumentou 37% em 10 anos, indo de 14,4 milhões em 2005 para 19,8 milhões em 2015, de acordo com estimativas do Pew Research Center sobre imigrantes elegíveis para a cidadania dos Estados Unidos. Só no ano de 2016, um total de 753,060 imigrantes se tornaram cidadãos americanos, segundo os últimos dados divulgados pelo U. S. Departament of Homeland Security.
O número vem crescendo e, de 2014 a 2016 (últimos anos disponibilizados DHS) foram quase 100 mil pedidos concedidos a mais: pulou de 653,416 em 2014 para 753,060 em 2016.
A maioria dos 20 maiores grupos de imigrantes dos Estados Unidos teve um aumento nas taxas de naturalização entre 2005 e 2015, com a Índia e o Equador liderando o ranking, segundo a Pew Research. Para os imigrantes dos EUA em geral, as taxas de naturalização passaram de 62% em 2005 para 67% em 2015. As taxas de naturalização entre os imigrantes elegíveis de Honduras, China e Cuba diminuíram ou permaneceram praticamente inalteradas de 2005 a 2015. Os imigrantes mexicanos são o maior grupo de imigrantes legais: cerca de 2,5 milhões de mexicanos obtiveram a cidadania dos EUA no período citado e outros 3,5 milhões foram elegíveis para se naturalizar.
Os dados do DHS revelaram também que a Flórida teve, no geral, um número de naturalizações crescente nos últimos 3 anos: foram 79,637 em 2014; 81,960 em 2015; e 88,764 em 2016.
Nas quatro principais áreas da Flórida, os números totais de naturalização tiveram a seguinte distribuição: Miami-Fort Lauderdale-West Palm Beach: 52,544 em 2014, 53,448 em 2015 e 59,227 em 2016; já a área de Orlando-Kissimmee-Sanford,registrou 6,971 em 2014, 8,297 em 2015 e 8,560 em 2016; em Jacksonville, 2,497 em 2014, 2,363 em 2015 e 2,372 em 2016; Tampa-Saint Petersburg-Clearwater: 7,092 em 2014, 6,755 em 2015 e 7,121 em 2016.
Brasileiros
As estatísticas do DHS indicam que o número de brasileiros que adquiriram a cidadania nos Estados Unidos aumentou de 2014 para 2015, mas diminuiu de 2015 para 2016: foram 8,625 brasileiros naturalizados em 2014, enquanto em 2015 foram 10,516 e em 2016 10,268. Do montante de 2016, 6, 434 são mulheres e 3,834 são homens.
Desse número, a Flórida foi o estado onde mais brasileiros se tornaram cidadãos: foram 2.369 cidadanias concedidas em 2016, contra 1.700 em Massachusetts; 1089 na Califórnia; 796 em New York e 737 em New Jersey.
Segundo dados do U.S. Census Bureau - 2016 American Community Survey, o número de brasileiros naturalizados atualmente no estado da Flórida somam 35.579.
“Cidadania é poder votar, trabalhar em departamentos do governo, ser eleito a cargos públicos e ter liberdade”
Além de poder votar e ter cargo público, a pesquisa do U.S. Census Bureau indicou também que os imigrantes que se tornaram cidadãos americanos têm rendimentos mais altos do que aqueles que não o fazem.
Nos Estados Unidos há 18 anos e há 8 na Flórida, Francisco Aquino, 45 anos, conquistou a cidadania no dia 28 de julho de 2017 e diz que realidade com a cidadania é outra. “Passei oito anos sem ir ao Brasil, meu pai faleceu e não pude ir me despedir dele porque foi justamente na época que estava aguardando a entrevista para obter o Green Card. É aquela vida de imigrante: sempre trabalhando duro, focado, dentro da lei, até conseguir se legalizar ou ficar pelo maior tempo possível por aqui”, pondera.
Sobre a cerimônia, o brasileiro diz que sentiu uma forte “emoção” pelo momento. “Eles te tratam de outra maneira, muito educadamente chamam pelo nome e pelo país de origem e ainda orientam para que não esqueçamos de onde viemos e que é importante dar valor às duas cidadanias”, salienta.
Selma Moreira, natural de Vitória (ES), mora nos Estados Unidos desde 1988 e obteve a cidadania em janeiro de 2017, em West Palm Beach. Para ela, a cidadania possibilita “direitos iguais de uma pessoa nascida nos Estados Unidos, liberdade de expressão, inclusive religiosa. Ter um júri justo, poder votar, trabalhar em departamentos do governo, ser eleito a cargos públicos. Enfim, ter uma vida de liberdade e felicidade!”, conclui.
O curitibano Alysson Almeida se tornou cidadão americano em 20 de julho de 2016, numa cerimônia em Richmond, na Virgínia. Almeida veio para os Estados Unidos em 2000 e conseguiu o Green Card por meio da LIFE Act Amendments, conhecida lei I-245, assinada pelo ex-presidente Bill Clinton e que possibilitava aos imigrantes serem contratados por empresas americanas independente de seu status imigratório. “A naturalização é a segurança para minha família. E também quando viajo para fora do país e retorno, ouvir um ‘welcome home’ é outra coisa”, destaca.
Jana Rodriguez, 39 anos, mora em Wellington e recebeu a cidadania americana no dia 25 de agosto de 2017, em West Palm Beach. “Eu havia mantido o meu Green Card por 10 anos sem pressa de fazer a cidadania por varias razões. Mas a eleição de 2016 e o vencimento do Green Card naquele mesmo ano me trouxeram o desejo de pedir a minha cidadania, pois eu sabia que se o candidato republicano ganhasse, ele perseguiria os imigrantes e apenas o Green Card não seria suficiente pra me manter aqui nesse país”, ressaltou.
Para serem elegíveis para a cidadania dos EUA, os imigrantes devem ter 18 anos ou mais, residirem nos EUA por pelo menos cinco anos como residentes permanentes legais (ou três anos para os casados ??com um cidadão dos EUA) e estarem de acordo com a lei , entre outros requisitos. O processo inclui vários passos para obter a cidadania e começa com a apresentação de um pedido e o pagamento de uma taxa de US$ 725, incluindo uma taxa de biometria de US$ 85. Atualmente, o tempo de processamento do pedido varia de sete meses a um ano e o processo culmina com um juramento de lealdade aos Estados Unidos.