Amar, todos querem, todos buscam – nem sempre acham. Quantas vezes já aconteceu de alguém te amar e você não se sentir amada? O que é amar? E quando é que a gente ama de verdade? Vamos pensar a coisa por outro viés. Imagine que você tem um cachorro que ama muito. É fofo, é companheiro, é amigo e paciente contigo. Imagine ainda que você goste muito de beber leite. E por gostar tanto, dá leite para o seu cachorro... Todo dia, uma tigela de leite, que ele não bebe. Você estranha e o chama de ingrato porque está desperdiçando o leite que custa, desprezando seu carinho e sua generosidade.... Mas será mesmo? O exemplo acima é extremo porque quer fazer entender. Amar não é dar ao outro o que a gente considera bom, mas dar o que o outro precisa. Isso pode nos levar muitas vezes a dar um passo para além do nosso mundinho, pode nos exigir questionar as lentes pelas quais olhamos o mundo e repensar nossos valores e prioridades. Amar é saber olhar para o outro além dos nossos desejos e das nossas idiossincrasias – como também das nossas neuroses. Isso vale para namorados, pais, amigos. Só amamos quando incluímos a diversidade do outro em nosso olhar cheio de amor e aprendemos a nos relacionar com essa diversidade, ou melhor, a integrá-la em nosso ser. Integrar o outro em nós não quer dizer nos tornarmos como ele, não quer dizer copiá-lo e fazer desaparecer nossa individualidade no outro. Quer dizer exatamente o que escrevi: integrar. Acrescentar para evoluir junto ao outro. É então que vemos quando o amor é amor: quando faz crescer. Amor que mutila, reprime, cala não pode ser amor. Amor que impede o caminho, que estanca, que abate não pode ser amor. Mas como não existe nenhuma realidade branca ou preta, encontramos o mais das vezes as duas dimensões na mesma relação, o amor que busca no outro o que permite aquele “equilíbrio” que mais parece uma paralise e o amor que leva para adiante, que se realiza no equilíbrio dinâmico. Nasce o conflito, interno em cada um dos amantes em primeiro lugar, antes de ser de um com o outro. O amor lutando entre acomodar-se – que acaba por significa estancar – e o amor que quer avançar. Para avançar é preciso questionar antigos hábitos e padrões. Daí o amor passa a significar sair da zona de conforto. Outro conflito: você tem estrutura para ousar, para se estressar com mudanças rumo ao desconhecido? Porque mudar gera estresse. (Mas também ficar paralisado gera estresse). Pode não ter, mas aí o amor vai doer porque sem esse passo corajoso não tem como o amor ir adiante. E esse é um conflito teu, não do outro. É você que precisa decidir quem você é, quem quer ser e para onde você está indo. Vemos, portanto, que o amor quando é amor mesmo se apresenta como uma força que traz novos ventos, que despenteia nossa cabelereira bonitinha e certinha, que bagunça as cartas na mesa. Quando vem, o amor exige mudanças. O amor é atirado e atrevido. Seduz para que nos tornemos mais libertos e melhores. Pergunte-se agora, onde esse amor está presente em sua vida hoje? Olhe bem em todas as direções. Onde está aquela coisa que te desafia para encontrar novas respostas e ao mesmo tempo te dá aquele sentimento de paz? Onde está aquele amor que cria angústia e promete alegria e realização? Se estiver por aí, não o deixe escapar. Abra os braços e a cabeça: o espírito divino que beijou sua testa e te deseja Feliz Natal.