O presidente Donald Trump assinou nesta terça-feira, 16, uma ordem executiva que ordena uma reforma limitada das forças de segurança para tentar responder à onda de protestos no país contra a violência policial e contra o racismo.
A ordem vem depois que Trump adotou um tom estrito de "lei e ordem" em sua resposta aos protestos em todo o país provocados pela morte do afro-americano George Floyd enquanto estava sob custódia policial em Minneapolis.
A medida condiciona o financiamento e as garantias das forças policiais à proibição de manobras de sufocamento — como a utilizada em Floyd.
Segundo Trump, que recebeu familiares de mortos em ações policiais, tais práticas somente seriam permitidas se a vida do oficial de segurança estiver em risco.
O decreto também determina que o Secretário de Justiça dos EUA "identifique e desenvolva oportunidades" de treinamento de saúde mental dos policiais e das pessoas em situação de vulnerabilidade.
Autoridades do governo disseram que a ordem terá como objetivo incentivar os departamentos de polícia a melhorar, mediante a aprovação federal de subsídios discricionários a boas práticas de policiamento.
A ordem incentivaria os departamentos de polícia a empregar os mais recentes padrões para uso da força; melhorar o compartilhamento de informações para que os policiais com histórico de má qualidade não sejam contratados sem que seus antecedentes sejam conhecidos e acrescentar assistentes sociais às respostas da polícia a casos não violentos que envolvem dependência de drogas e falta de moradia, disseram autoridades.
Reforma limitada
A reforma assinada por Trump foi considerada limitada pelos grupos de direitos humanos norte-americanos. O presidente já sinalizava que não adotaria um tom mais duro com as forças policiais: pelo Twitter, ele vem insistindo no mote "lei e ordem", tendo em vista um eleitorado mais conservador nas eleições de novembro.
Isso porque os protestos que reúnem milhões de pessoas nos EUA têm manifestantes que pedem o fim do financiamento às polícias como principal reivindicação. A ideia seria realocar para outras áreas como prevenção e apoio os recursos que seriam destinados às forças policiais.
Na semana passada, Trump negou a possibilidade de retirar o financiamento das forças policiais. "Quando eu vi isso, eu disse: 'Do que vocês estão falando?' 'Não queremos polícia', eles disseram. Vocês não querem polícia?", indagou o presidente durante um evento em 7 de junho.
Ainda assim, prefeitos das duas maiores cidades dos EUA — Nova York e Los Angeles — anunciaram que planejam cortes nas verbas destinadas à polícia. O dinheiro seria alocado, no caso de Nova York, a projetos de serviço social e para a juventude.
Projetos na Câmara e Senado
Paralelamente, a Câmara dos Representantes dos EUA — controlada pela oposição — pretende votar neste mês um projeto de lei que estabeleceria reformas mais profundas. Por exemplo, as vítimas de abuso policial poderiam processar as forças de segurança — algo que os governistas discordam.
Por isso, o Partido Republicano, maioria no Senado, também pretende passar um projeto de reforma menos contundente. A proposta incluiria restrições no uso de técnicas de sufocamento e adoção de câmeras instaladas nas roupas dos policiais, entre outras medidas.