Nos três primeiros meses de seu governo, o presidente Donald Trump deixou claro que imigração e política comercial seriam pilares de sua administração. Suas ações rápidas e polêmicas já começaram a provocar ondas de impacto — tanto dentro dos Estados Unidos quanto em países como o Brasil, que mantêm laços econômicos e humanos significativos com os norte-americanos.
Logo nos primeiros dias de governo, Trump assinou ordens executivas reforçando a segurança de fronteira e endurecendo a política de deportações. A mais controversa foi o decreto que suspendeu temporariamente a entrada de cidadãos de vários países de maioria muçulmana, conhecido como "Muslim Ban" — uma medida que, embora não tenha afetado diretamente os brasileiros, enviou um sinal claro de intolerância e hostilidade a imigrantes em geral.
Para os brasileiros que vivem nos EUA — legal ou ilegalmente — o clima tornou-se mais tenso. Houve aumento nas fiscalizações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) e relatos de deportações sumárias. Mesmo brasileiros com vistos válidos passaram a enfrentar maior rigor na entrada nos aeroportos americanos. O sonho americano, para muitos, parece mais distante.
Tarifas comerciais e o "America First"
No campo econômico, Trump iniciou a revisão de acordos comerciais multilaterais e impôs tarifas sobre certos produtos importados, justificando a medida como parte da estratégia "America First". A ideia: proteger indústrias americanas da concorrência externa e estimular a produção interna. Ainda que essas medidas tenham sido inicialmente direcionadas à China e ao México, o impacto se espalha.
Para o Brasil, que tem nos EUA um de seus principais parceiros comerciais, o protecionismo de Trump pode se traduzir em barreiras para exportações — especialmente de aço, alumínio e produtos agrícolas. Já para os brasileiros nos EUA, o aumento das tarifas pode gerar inflação e encarecimento de produtos, o que afeta diretamente o custo de vida.
Um futuro incerto para os laços Brasil-EUA
A combinação de uma política migratória mais dura e uma postura comercial protecionista representa um desafio duplo. O Brasil precisa reposicionar sua diplomacia para manter canais abertos com Washington, proteger seus cidadãos no exterior e preservar seu espaço no comércio com a maior economia do mundo.
Trump pode estar apenas começando, mas seus primeiros passos já sinalizam uma mudança de era nas relações internacionais — uma era menos aberta, menos tolerante e mais imprevisível. Os brasileiros, dentro e fora dos EUA, sentem o reflexo disso na pele.
Diante desse cenário, é essencial que os brasileiros — tanto os que vivem nos Estados Unidos quanto os que acompanham de longe — estejam atentos às mudanças nas políticas americanas.
O impacto dessas decisões vai além das manchetes: influencia diretamente a vida cotidiana, os negócios e as oportunidades futuras. Mais do que nunca, é necessário diálogo, diplomacia e uma postura estratégica por parte do governo brasileiro para proteger seus interesses e sua comunidade no exterior, diante de um novo capítulo nas relações bilaterais.