Sul da Flórida sente de várias maneiras a alta do dólar no Brasil
A moeda americana disparou quase 50% no Brasil este ano: passou de R$ 2,662 no fim de 2014 para R$ 3,887 em 29 de dezembro, após ultrapassar os R$ 4. O movimento é puxado por insegurança com a economia, piora na dívida e turbulência política, além da expectativa de alta dos juros nos EUA. Com isso, negócios brasileiros que aproveitaram anteriormente o “boom” da moeda brasileira, precisaram recuar. Foi esse o caso da Shrimp House, nome americano dado à rede de restaurante Vivenda do Camarão, que tinha planos ambiciosos desde o início. Após a inauguração da primeira loja na Flórida, no final de 2013, a expansão foi rápida ao longo do ano passado, com cinco novos restaurantes. A ideia era ter ao todo 30 restaurantes abertos no estado ao longo de dois anos e, a partir daí, expandir para outros estados. Ao contrário, as lojas acabaram sendo fechadas a partir de junho. O motivo seria que a empresa sócia do Brasil, “Vivenda do Camarão”, saiu da sociedade devido à crise financeira no país.
Companhias aéreas também sentem a crise
Em janeiro deste ano, a companhia aérea brasileira Gol anunciou que retomaria a expansão de voos para os Estados Unidos e o Caribe através de parceria com a panamenha Copa Airlines. Já em novembro, a empresa anunciou que deixará de operar voos para Miami e Orlando de forma regular a partir de fevereiro de 2016. Segundo a companhia, serão oferecidos apenas voos extras, de forma sazonal. O motivo: a crise econômica brasileira e a concorrência no eixo Brasil-EUA. A Azul Brazilian Airlines também resolveu pisar no freio. A nova rota que ligaria Guarulhos a Orlando a partir de 15 de dezembro foi cancelada devido à crise econômica do Brasil. Apesar do cancelamento da rota a partir de Guarulhos, a companhia aérea informou que não irá alterar os planos de expansão da frota destinada aos voos internacionais.Gastos de brasileiros no exterior caem mais de 40%
Os gastos de brasileiros no exterior voltaram a recuar em novembro, segundo o Banco Central. A alta do dólar continua sendo apontada como o principal fator para este cenário e, ao que parece, não há perspectiva em curto e médio prazo de mudança dessa realidade. Segundo o BC, as despesas de brasileiros fora do país somaram $971 milhões de dólares em novembro - o que representa uma queda de 43,4% frente ao mesmo mês do ano passado.Mas houve quem aproveitou a maré
Ao mesmo tempo, quem aproveitou a maré da alta do dólar foi o mineiro Luiz Souza. Depois de 30 anos vivendo nos EUA, ele já tinha investido em 21 imóveis e decidiu voltar à sua terra natal, Governador Valadares, para ficar ao lado de seus familiares e administrar as propriedades.Brasileiro golpistas
Rafael Miranda Caram
, um brasileiro acusado de aplicar um golpe de aproximadamente R$20 milhões em 50 pessoas no Brasil, foi localizado em Orlando, onde era um dos sócios de um restaurante, em meados de junho deste ano. Após o escândalo, o restaurante Figueira Grille afirmou que o empresário foi desligado da sociedade. Depois disso, o brasileiro passou a ser procurado pela Interpol e não se sabe de seu paradeiro.Sann Rodrigues
, acusado de formação de pirâmide financeira na TelexFree, teve prisão domiciliar por motivos não relacionados ao caso. Em 27 de novembro, Sann disse em vídeo que “em breve” revelaria toda a verdade.Daniel Fernandes Rojo Filho
, paulista de 47 anos, presidente da DFRF Enterprises, com sede na Flórida e Massachusetts, está sendo processado ao lado de seis supostos ajudantes, pelo SEC, órgão regulador de mercados financeiros dos EUA, com base em Massachusetts. A DFRF é acusada de pirâmide financeira através do investimento em minas de ouro no Brasil e na África. Daniel foi preso em julho e teve seus bens congelados.História dos brasileiros passando por transplantes continua
Nos últimos anos, a equipe do médico brasileiro Rodrigo Vianna, que atua no Jackson Memorial Hospital, tornou-se referência na área de transplantes. Em casos delicados com o transplante de intestino e multiviceral, alguns pacientes brasileiros têm conseguido na Justiça que a União pague pelo procedimento nos Estados Unidos, já que a prática ainda não é bem sucedida no Brasil. Relembre alguns casos:
Pedrinho, de quase dois anos, que sofre de Síndrome de Intestino Curto, conseguiu um doador de intestino e passou pela cirurgia em 2 de março no Jackson Memorial Hospital. Mas, meses depois, o menino sofreu rejeição e o órgão precisou ser retirado. Ele agora aguarda novo doador.
Já Sofia, que sofria de Síndrome de Berdon e que passou pelo transplante multiviceral em 10 de abril, acabou tendo complicações e morreu no dia 14 de setembro, após um mês internada na UTI. Ela teve uma parada cardíaca.
O adolescente Antônio Gleiber Cassiano Júnior, de 16 anos, conhecido como Juninho, passou por um transplante de intestino no dia 12 de julho. O adolescente sofre da “Síndrome do Intestino Ultracurto”, que fez com que ele perdesse 95% do intestino delgado. Juninho se recupera em Miami e a expectativa é que tenha alta no primeiro semestre de 2016.
Weverton Fagne Gomes, de 18 anos, embarcou para Miami em 30 de novembro após meses de espera pela decisão do governo brasileiro, onde aguarda pelo transplante de intestino no Jackson Memorial Hospital. Ele está vivendo com os pais em um apartamento perto do hospital para evitar infecções.
Desastre em Mariana: brasileiros se mobilizam para arrecadar doações
As notícias da lama tóxica percorrendo o Rio Doce e afetando cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, chegando até o mar, comoveu aos brasileiros no sul da Flórida. A catástrofe se deu depois do rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, no dia 5 de novembro. Doações arrecadadas por brasileiros em Miami foram destinadas a um vilarejo chamado Mauá, na cidade de Aimorés (MG) na divisa com o Espírito Santo. Ao todo foram doados 3 mil litros de água mineral a essa cidade. A Primeira Igreja Batista da Flórida também enviou 50 toneladas de água a Governador Valadares através da doação monetária de membros.
O vai e vem do Uber
O crescimento do aplicativo de compartilhamento de caronas, Uber, este ano deu o que falar em todo o mundo e na Flórida. Uma lei drástica regulamentando o serviço no condado fez com que a companhia resolvesse sair de Broward no dia 31 de julho. Muitos brasileiros que estavam aproveitando para ganhar um dinheiro extra prestando serviços precisaram arrumar outra ocupação. Mas a pressão popular no fim foi tanta que vereadores de Broward desmantelaram a lei, e o Uber, que conecta motoristas e passageiros através de um aplicativo de smartphone, voltou a servir o condado no dia 15 de outubro. Foram 6 votos a favor e dois contra, e com isso vereadores tiraram exigências de motoristas como impressão digital, verificação de antecedentes criminais do FBI, entre outros. Em 2016, o Uber deve permanecer nas manchetes, já que ainda há legisladores em várias regiões tentando banir o serviço.