O sindicato de pecuaristas dos Estados Unidos, o R-CALF USA, pede ao presidente Donald Trump uma "investigação completa" sobre a JBS e a alienação imediata de seus ativos baseados naquele país, depois do escândalo envolvendo propinas ao governo brasileiro.
De acordo com o grupo, a brasileira é a segunda maior produtora de carne bovina dos Estados Unidos, além de deter a maior empresa de alimentação animal do país. A empresa teria usado essa estrutura para manipular a queda do preço do boi gordo em mais de $850 dólares por cabeça de gado entre 2015 e 2016.
O sindicato alega que vem pedindo ao departamento de Justiça americano que reforce a aplicação de leis antitruste sobre a JBS desde 2008, a cada aquisição feita pela companhia no país, mas que esses pedidos vêm sendo ignorados - com exceção da tentativa de comprar a National Packing Company, que foi barrada.
A carta enviada ao presidente Trump e também ao presidente do Comitê de Justiça do Senado, Charles Grassley, ao procurador-geral, Jeff Sessions, e ao secretário da Agricultura, Sonny Perdue, cita o pagamento de propina pelo frigorífico para operar no Brasil, fato revelado pelo então presidente do conselho da JBS, Joesley Batista, em delação premiada.
O sindicato alega ainda que a empresa influenciou agentes reguladores e membros do Congresso para afrouxar regulamentações no país. "Se for descoberto que a JBS, de fato, construiu seu império de carne e gado nos Estados Unidos por meios ilegais, então todos os ativos detidos pela JBS no país deveriam ser imediatamente alienados", diz o texto.
Ações contra
Investidores norte-americanos que compraram ações da JBS entre 2 de junho de 2015 e 19 de maio de 2017 abriramuma ação coletivacontra a empresa, segundo o escritório de advogacia Vincent Wong.
Processos de investigação no Brasil
No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, órgão que regula o mercado de capitais no país) instaurou na semana passada dois inquéritosadministrativos contra a JBS para investigar a atuação da companhia no mercado de dólar futuro e negociações do acionista controlador com ações da empresa.
A JBS, seus controladores e outras empresas do grupo são investigadas por uso de informação privilegiada. A JBSconfirmou que comprou dólarno mercado futuro horas antes da divulgação de que seus executivos fizeram delação premiada. O dólar disparou no dia seguinte, subindo mais de 8%, o que trouxe ganhos a empresa.
Os inquéritos foram instaurados para dar sequência às apurações iniciadas emprocessos administrativosabertos em 19 de maio. No total, a CVM já abriu oito processos envolvendo a JBS, após as notícias atreladas à delação de acionistas controladores da companhia.