Familiares das vítimas do Vôo 1907 da Gol transformaram uma missa em homenagem aos 154 mortos no acidente do Boeing da Gol em ato de protesto contra a Aeronáutica. "Nós exigimos respeito por parte da Aeronáutica", disse Janice Honorato Campos, cuja filha, a médica Rosana Karine, e o neto Pedro, de 4 anos, morreram no maior acidente aéreo do País.
Janice Honorato é uma das líderes da Associação das Famílias e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, em Goiás. Segundo ela, o grupo está decidido a garantir o que considera fundamental: acesso às informações sobre o acidente e a participação de representante das famílias nos grupos de investigação.
"Entre nós há muita revolta", disse Janice. "No momento, não queremos indenizações financeiras e sim respostas objetivas ao que denominamos injustiça e impunidade", disse, ao divulgar uma nota oficial da Associação.
"Continuamos, após quatro meses, sem a verdade sobre a tragédia que nos tirou do convívio pessoas que tanto amamos", diz o texto da Nota Oficial (nº 025) assinada pelos líderes da Associação. "Quantas coisas mal esclarecidas! Quanta mentira estamos tendo que engolir!"
Sobre o acidente, eles consideram que os controladores do vôo são os suspeitos errados: "Controlador não derruba avião", afirmaram na nota, a ser distribuída após a missa, celebrada pelo padre César, com acompanhamento musical do vocalista Carlos Alsaix, na Reitoria Nossa Senhora das Graças, uma antiga igreja do Centro de Goiânia.
"Ficou evidente, com a divulgação do diálogo registrado na caixa preta do Legacy, que a conduta dos pilotos foi de negligência", disseram no documento. "Tivemos ainda a dor e a revolta de assistir aos culpados pela morte de nossos entes serem tratados como hóspedes de luxo, no Brasil, e como heróis, nos EUA, com direito a tapete vermelho e banda de música."
O sumiço das bagagens, transportadas pelas vítimas do Vôo 1907 está alimentando novos questionamentos: "Como, de um total de seis toneladas de bagagem, quase quatro toneladas e meia desapareceram?", questionam os parentes das vítimas do acidente aéreo.
O grupo também levantou, em nove perguntas, questões sobre o acidente que não foram esclarecidas a eles pelas autoridades. Questionaram, por exemplo, o que teria levado a Aeronáutica a atear fogo nos destroços do avião - o que "teria eliminado a cena que está sob investigação", segundo a nota oficial.