Os tempos mudaram, o formato das famílias mudou, o estilo de vida e a relação com os demais parentes também. Hoje em dia, queremos ser abertos e amigáveis com os filhos, cansamos do autoritarismo e da rigidez do passado. Os filhos, entretanto, continuam precisando de pais, antes de amigos. E, muitas vezes, os pais não sabem como sê-lo, não querendo repetir o que viveram eles mesmos em suas famílias de origem. Seguem algumas orientações.
Por mais amorosa e amigável que seja a relação com o fillho, existe na família uma hierarquia. Os pais estão acima dos filhos. Não temos que temer hierarquias, elas não precisam ser ditaduras. Olhemos para o mundo animal: os lobos têm um líder que é o chefe, e comanda. Como é escolhido? Por ser o mais forte e o mais inteligente. Qual é sua função? A de proteger o grupo. Este confia sua vida nas mãos, ou melhor, nas patas do lobo ou da loba chefe. O mesmo acontece no mundo humano. Você é o chefe porque você tem mais experiência e conhecimento de seu filho. Ponto. Agora, como você vai exercer essa sua chefia?
Você precisa assumir a responsabilidade de dar orientações, que às vezes vão ser imposições. Você vai parecer o “mal” da história. Precisa aguentar isso.
Comandar não significa ser rígido, mas fazer o que é preciso enquanto se mantém a flexibilidade mental, o que não significa passar horas conversando com seu filho sobre a dificuldade de ser pais. Seu filho só precisa saber para que lado é melhor ele ir. O resto é assunto nosso.
Por outro lado, é preciso saber se colocar no ponto de vista da criança e mais especificamente no ponto de vista do momento de desenvolvimento que a criança está atravessando. Muitos pais não compreendem a fase de vida do filho, logo o que ele pode ou não compreender e/ou ouvir.
Os filhos nos pedem para sermos pais e não amigos quando precisam de orientação, de ajuda em seu desenvolvimento. O que significa atitudes nossas. As crianças estão em processo, entre outras coisas, de aprendizado em distinguir o que seguir e o que não seguir dentro delas, ou seja, como lidar com o que sentem, com as diversas tendências interiores. Cabe aos pais dá-lhe um caminho e isso se faz muitas vezes tomando atitudes certas, na hora certa, calando a boca em outras, relevando em algumas, apontando ou limitando. Mas tudo na hora certa.
Cabe aos pais oferecerem mapas de direcionamento aos filhos, não só no que diz repeito ao mundo externo como também àquele interior: como processar, elaborar, superar, decidir a respeito do que se sente? De vontades, desejos, angústias, buscas que sequer conseguem ser expressas porque embrionais e confusas mas também intensas e urgentes? Os pais deveriam dar o metro e o horizonte.
O desafio da maternidade e da paternidade é acompanhar sem impor, direcionar sem pressionar, estabelecer regras e aplicá-las, mas também saber mudá-las na hora certa. Saber se abrir à voz das crianças que nem sempre se manifesta de forma clara e, aliás, está muitas vezes enrolada em outros desejos confusos que parecem nada mais que modas, mimos, coisas sem pé nem cabeças. Entretanto, às vezes esta é a única forma da criança expressar necessidades mais profundas. Ela mesma não tem palavras, porque é tudo novo para ela. Somos nós que precisamos ter a capacidade de saber discernir no “escândalo” infantil ou adolescente o que é joio e o que é trigo para evitar mutilar uma parte da alma de nosso filho e, desta forma, amputar aspectos importantes de seu desenvolvimento.