Um advogado do Departamento de Estado americano, John Bellinger, admitiu nesta quinta-feira que a Cruz Vermelha Internacional não tem acesso a todos os suspeitos mantidos presos pelos Estados Unidos em sua chamada Guerra ao Terror.
Essa foi a primeira vez que uma autoridade dos Estados Unidos admitiu este fato.
Falando em Genebra, na Suíça, Bellinger afirmou que a Cruz Vermelha tem acesso a todos os detidos na base militar de Guantánamo, em Cuba, mas não em outras prisões usadas com a mesma finalidade em outros locais.
O advogado se negou a comentar, porém, a possível existência de prisões secretas da CIA (Agência de Inteligência Americana) no Leste Europeu.
O tema ganhou destaque durante a visita, nesta semana, da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, à Europa.
Rice disse durante a viagem que os Estados Unidos não praticam tortura, mas não deu esclarecimentos sobre as supostas prisões secretas.
Polêmica
Acredita-se que a confirmação de que Washington mantém detentos que a Cruz Vermelha desconhece, vinda de alguém do alto escalão da diplomacia americana, deve gerar mais controvérsias.
Os enviados da Cruz Vermelha têm o direito de visitar prisioneiros de guerra e outros detentos para verificar se os seus direitos estão sendo respeitados de acordo com as leis internacionais.
A Cruz Vermelha vem pedindo aos Estados Unidos desde o início de 2004 esclarecimentos sobre presos mantidos em locais desconhecidos.
Um porta-voz da Cruz Vermelha disse à BBC que a organização mantém o diálogo com as autoridades americanas sobre o tema e repetiu que a entidade quer ter informação sobre todos os presos e acesso para visitá-los.