A equipe de defesa do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein anunciou que comparecerá ao julgamento do líder deposto na próxima semana, retirando a ameaça de boicotar o processo, por causa do recente assassinato de dois outros advogados envolvidos no processo. "Todos os advogados comparecerão ao julgamento na segunda-feira. Foi tomada a decisão de não deixar o presidente sozinho", declarou Issam Ghazawi, porta-voz da equipe de defesa de Saddam, durante conversa com a Associated Press.
Os advogados do líder iraquiano deposto referem-se a Saddam como presidente. "Nós não permitiremos que a corte indique novos advogados", prosseguiu Ghazawi. "Os advogados são obrigados a comparecer às audiências, apesar das graves ameaças à vida deles, mas tudo o que eles querem fazer é servir à Justiça", declarou.
Em 20 de outubro, apenas um dia depois do início do julgamento, o advogado Saadoun al-Janabi foi seqüestrado por homens mascarados que usavam uniformes da polícia iraquiana, disseram testemunhas. Seu corpo sem vida foi encontrado no dia seguinte, com tiros na cabeça. Em 8 de novembro, o advogado Adel al-Zubeidi foi morto numa emboscada em Bagdá. Seu colega de trabalho Thamir al-Khuzaie, ficou ferido no ataque. Khuzaie fugiu do Iraque e pediu asilo no Catar.
Os advogados de defesa de Saddam exigiam que as autoridades iraquianas reforçassem a proteção e ameaçavam boicotar o julgamento caso isso não ocorresse. Eles chegaram a pressionar para que o julgamento fosse transferido para outro país, mas a possibilidade foi descartada porque o Exército americano e o governo interino iraquiano ofereceram garantias de segurança.
Se o boicote se concretizasse, o tribunal especial iraquiano responsável pelo julgamento de Saddam indicaria outros advogados para defender o presidente deposto, disse um representante do governo dos EUA em Bagdá.
