Cuba anunciou a realização de um grande show no sábado em Havana, 12 dias depois de o presidente Fidel Castro ter sido submetido a uma cirurgia intestinal. O anúncio foi feito em meio a uma crescente expectativa, entre os cubanos, de ver o dirigente comunista, que completa 80 anos no domingo.
Fidel foi operado devido a uma grave crise gástrica e passou o controle do governo, provisoriamente, para seu irmão Raúl. Essa foi a primeira vez que o presidente se afastou do poder em seus 47 anos à frente de Cuba.
A respeito do estado de saúde dele, só foram divulgadas declarações escritas assinadas pelo próprio Fidel. As autoridades cubanas só fizeram alguns comentários breves sobre o assunto.
O show de sábado é parte das medidas adotadas pelo governo como forma de incentivo aos comícios de apoio ao dirigente cubano e a Raúl, ministro de Defesa do país.
"Cerca de mil artistas cubanos vão participar da apresentação, que durará por volta de quatro ou cinco horas", afirmou a uma rádio de Cuba Amauri Pérez, diretor artístico do evento.
O espetáculo contrasta com uma mensagem de Fidel divulgada no dia 31 de julho, quando pediu que a celebração de seu aniversário fosse adiada.
"Quanto a meu aniversário de 80 anos, que tão generosamente milhares de pessoas concordaram em celebrar no próximo dia 13 de agosto, peço a todos que o adiem para o dia 2 de dezembro do ano corrente", afirmou o dirigente em um comunicado divulgado após a cirurgia.
"Viva Fidel! Viva Raúl!", gritavam na sexta-feira, em vários atos políticos em Havana, centenas de pessoas. Segundo as autoridades da ilha, Fidel se recupera conforme o previsto.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, maior aliado do líder cubano na América Latina, afirmou na quinta-feira que haverá uma transição de poder no país comunista quando o mandatário cubano se recuperar e Raúl devolver o controle do governo a Fidel.
"Você já me ouviu dizer isso, Fidel: recupere-se. Isso é uma ordem", disse Chávez.
Nos últimos dias, os cubanos deram mostras de maior confiança na recuperação de seu líder. "Queremos vê-lo", afirmou Enma Fernández, na frente de um cartaz em que se lia: "O Plano Bush nunca conseguirá vencer a unidade de nosso povo".
"Estamos defendendo esse pedaço de terra com unhas e dentes", disse Nidia Quintana, em um parque de Havana no qual se reuniam alguns vizinhos.
Nas duas mensagens assinadas por Fidel e divulgadas após a hospitalização dele, o líder cubano chamou atenção para o risco de os EUA iniciarem uma ação militar contra a ilha. O território norte-americano fica a apenas 150 quilômetros de Cuba.
Nas últimas horas, continuaram chegando a Cuba mensagens de solidariedade: "Não toquem em Cuba", afirmou o diretor chileno de cinema Miguel Litín, que aderiu a um apelo assinado por mais de 4.000 intelectuais de 50 países, desaconselhando o governo norte-americano a realizar uma intervenção militar.
O dissidente cubano Vladimiro Roca disse não crer que Fidel tenha realmente passado o poder para seu irmão e que continuava "dirigindo as coisas de sua cama".
Reuters