WASHINGTON - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou ao presidente dos EUA, George W. Bush uma carta contendo dezoito páginas. Nelas ele trata sobre valores religiosos, história e relações internacionais, entre outros.
Confira logo abaixo alguns trechos de uma tradução não-oficial do original em idioma farsi (persa):
"Senhor George Bush,
Já há algum tempo venho pensando em como se podem justificar as inegáveis contradições que existem na arena internacional (...). Muitas questões permanecem sem resposta. Elas me levam a discutir algumas das contradições e questões, na esperança de que isso traga uma oportunidade de reformulá-las.
Pode-se ser um seguidor de Jesus Cristo (Que a Paz Esteja Consigo), o grande Mensageiro de Deus, sentir-se obrigado a respeitar os direitos humanos,apresentar o liberalismo e um modelo de civilização,
Anunciar sua oposição à proliferação de armas nucleares e ADM [armas de destruição em massa],fazer da "Guerra ao Terror" o seu slogan.
E, finalmente, trabalhar pelo estabelecimento de uma comunidade internacional unificada, uma comunidade a qual Cristo e os virtuosos da Terra um dia irão governar.
Mas ao mesmo tempo, há países atacados. As vidas, reputações e posses das pessoas destruídas e, com uma ínfima chance da presença de alguns poucos criminosos numa aldeia, cidade ou comboio, por exemplo, toda a aldeia, cidade ou comboio seja incendiado?
Ou por causa da possibilidade de existência de ADMs em um país, que ele seja ocupado, cerca de 100 mil pessoas sejam mortas, seus recursos hídricos, agricultura e indústria destruídos, quase 180 mil tropas estrangeiras colocadas no terreno, a santidade dos lares privados dos cidadãos violada, e o país volte talvez 50 anos no tempo.
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É claro, Saddam era um ditador homicida. Mas a guerra não foi travada para derrubá-lo; o objetivo aparente da guerra era encontrar e destruir armas de destruição em massa.
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Senhor Presidente,
Tenho certeza de que o senhor sabe como, e a que custo,Israel se estabeleceu:
Muitos milhares foram mortos no processo.
Milhões de povos indígenas [árabes] se tornaram refugiados.
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Foi estabelecido um regime que não mostra misericórdia nem com crianças, destrói casas enquanto os ocupantes ainda estão nelas, anuncia de antemão sua lista e seus planos para assassinar figuras palestinas, e mantém milhares de palestinos na prisão.
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Outra grande questão feita pelas pessoas é o motivo de esse regime ser apoiado. O apoio a este regime está de acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo (Que a Paz Esteja Consigo) ou com os valores liberais?
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Por que é que quaisquer descobertas tecnológicas e científicas feitas na região do Oriente Médio são descritas como uma ameaça ao regime sionista?
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Senhor Presidente,
Os cidadãos norte-americanos viveram sob constante medo de novos ataques que poderiam vir a qualquer momento e em qualquer lugar. Por que a imprensa, ao invés de conduzir uma sensação de segurança e fornecer paz de espírito, ficou dando espaço a uma sensação de insegurança?
Alguns acreditam que o alvoroço abriu caminho, e foi a justificativa, para um ataque ao Afeganistão.
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Senhor Presidente,
A história nos conta que governos repressivos e cruéis não sobrevivem. (...) As pessoas do mundo não estão felizes com o status quo e dão pouco crédito às promessas e comentários feitos por um número de líderes mundiais.
As pessoas estão protestando contra a crescente desigualdade entre os que têm e os que não têm e entre países ricos e pobres. As pessoas estão desgostosas com a corrupção crescente. As pessoas de muitos países estão irritadas com os ataques a seus fundamentos culturais e com a desintegração das suas famílias. As pessoas do mundo não têm fé nas organizações internacionais, porque seus direitos não são defendidos por tais organizações.
O liberalismo e a democracia em estilo ocidental não conseguiram ajudar a realizar os ideais da humanidade. Hoje em dia, esses dois conceitos fracassaram. Aqueles com inspiração já podem ouvir os sons do estilhaçamento e queda da ideologia e dos pensamentos dos sistemas democráticos liberais.
Senhor Presidente, gostemos ou não, o mundo está gravitando na direção da fé no Todo-Poderoso, e a justiça e o desejo de Deus vão prevalecer sobre todas as coisas".
