Não faltaram motivos para brasileiros que vivem e visitam Miami protestassem contra o governo Dilma, no centro da cidade, em frente ao Bayfront Park, na tarde de domingo, dia 15. Com cartazes como “Fora Dilma”, “Impeachment Já”, “Fora Dilma, quero voltar para o Brasil”, “Brasil, estamos aqui com vocês”, os presentes expressaram seus desejos para um Brasil melhor.
“Estou aqui para apoiar a causa de toda a minha família do Brasil”, disse a goiana Alneide Moreira. “O coração fala mais alto, mesmo morando longe do Brasil”, disse Ivanilde Dinallo, do Mato Grosso.
Segundo os organizadores do evento, Bruno Contipelli e Debora Rosenn, o evento contou com aproximadamente 700 pessoas, entre meio dia e 5pm.
“Eu estou aqui contra a impunidade e a corrupção. Não acredito em Impeachment, nem em intervenção militar. Acho que o povo tem que pressionar pela renúncia da presidente Dilma Rousseff”, disse Bruno. “As pessoas que vivem em Miami têm muitos motivos para protestar. Tem gente que mora nos dois países, paga impostos no Brasil e nos EUA e pode comparar de perto a qualidade de vida, etc”.
“O mais importante é mostrar que não somos alienados aqui em Miami, ao contrário do que dizem por aí”, disse Debora Rosenn, que resolveu deixar o Brasil há 15 anos depois de quase sofrer dois assaltos na mesma semana. “Eu sou uma exilada da violência. Quase fui assaltada duas vezes na mesma semana em São Paulo e reagi com uma arma apontada para mim. Tive sorte dessas vezes, mas resolvi vir para Miami porque já não sabia se teria essa mesma sorte em uma próxima vez”.
Outros brasileiros contaram, durante o protesto, os motivos que os fizeram viver em Miami. Bruno leu, em um manifesto, que “Somos brasileiros que vivem fora do Brasil, mas que continuam acreditando que o nosso país pode ser um lugar mais justo, mais seguro e humano”.
A estudante Deborah Kury, que vive em Aventura e está há dois anos nos EUA diz que o que a motivou a vir à manifestação foi o desejo de um Brasil melhor quando ela voltar para casa. “Meu noivo está no Brasil, minha família, meus amigos... Vivendo aqui você vê a vida que as coisas poderiam sem melhores no Brasil” disse a brasiliense.
Alta do dólar
O protesto contou com a presença do brasileiro Fred Lemoon, gerente da Sportive, uma loja esportiva que fica no Bayside Marketplace. “Nosso movimento caiu de 20 a 30% no último mês. Não tem brasileiro comprando como antes. Em média, 50% dos nossos clientes eram brasileiros”, disse ele. “Além do IOF (Imposto sobre Operações de Crédito) que sempre é cobrado para quem usa cartão de crédito, com o dólar a mais de R$3, ninguém mais tem coragem de comprar. Nosso movimento caiu muito”. O dólar estava cotado a R$3.23 na tarde do dia 16.
“Limpar privada em Miami”
Depois que uma foto de um homem segurando um cartaz dizendo “Odeia o Brasil? Vá para Miami lavar privada”, se espalhou nas redes sociais, vários brasileiros que vivem nos Estados Unidos apresentaram cartazes e fotos em resposta. Uma brasileira, Melissa Hornmann, que segundo seu perfil na rede social vive em Miami, postou uma foto dela limpando uma privada, com uma mensagem: “Em homenagem a todos que dignamente orgulham-se de seu trabalho honesto e digno, seja ele em Miami ou qualquer lugar do mundo, eu dedico essa selfie! Pessoalmente limpo minha privada em Miami feliz! E daqui a pouco #BorapraRua tentar limpar uma privada mais suja que se tornou nosso Brasil! Sou da Direita? NÃO! Sou da Esquerda? NÃO! Mas quero um Brasil que vá pra frente”.
Outra foto tinha a imagem de um vaso sanitário com várias notas de $100 dólares, escrito: Ê vida ruim”.
Outro dizia: “Já limpei muita privada, mesmo assim amo o Brasil. Agora, quero um governo limpo”.
Orlando
Em Orlando, 120 pessoas compareceram à manifestação, que ocorreu em frente ao Banco do Brasil Americas, na International Drive, entre 1pm e 3pm, de acordo com Luis Sombra, que organizou o evento através do seu grupo no Facebook “Orlando Fácil com Sombra”.
Outras cidades americanas
Além de Orlando e Miami, ainda houve manifestações em Nova York, São Francisco e Boston. Em outros países, brasileiros foram às ruas em Bruxelas (Bélgica), Lisboa (Portugal), Londres (Inglaterra), Santa Cruz de la Sierra/Santa Cruz (Bolívia) e Sidney (Austrália).
Manifestações no Brasil
Mais de 160 cidades contaram com manifestações no dia 15, no Brasil. Segundo a polícia, 2,3 milhões de pessoas saíram às ruas; já segundo organizadores, 2.9 milhões de pessoas compareceram.
