As economias reunidas ao longo de anos de muito trabalho e esforço de quatro brasileiros foram totalmente destruídas, na sexta-feira(17), depois que o fogo tomou conta de um trailler de moradia localizado na 39 Street, entre a Hillsboro Boulevard e a Lions, em Coconut Creek.
No momento do incidente, Bárbaro Ramos, de 53 anos, estava no local, e conseguiu escapar sem levar nenhum pertence. Médico no Brasil, segundo os amigos, ele estuda instrumentação cirúrgica na Flórida, e está procurando emprego.
O trailler era de propriedade de Messias Neto, de 48 anos, que trabalha à noite na construção civil e, geralmente, dorme de dia. “Geralmente durmo até meio dia, ou uma da tarde, e nessa hora eu não estava lá. Se estivesse dormindo profundo, poderia ter inalado aquela fumaça toda e até morrido ou ido parar no hospital”, comenta Neto.
Além dele, moravam no trailler José Biltran, que havia se mudado para o local no domingo, e Jussara Raquelo, de 51 anos. Inconformada, Raquelo chorou ao lembrar que as economias que tinha para a formatura do filho foram incendiadas. “Eu tinha dinheiro escondido no porta-retrato, e ía mandar para o meu filho fazer a festa de formatura. Estava juntando mais um pouco. Ele vai se formar em engenharia de alimentos na Bahia”, conta.
Raquelo, que trabalha como faxineira, conta que estava no trabalho quando a vizinha ligou, avisando sobre o incêndio. “Ela disse pra eu ter muita calma, e me contou que a casa estava pegando fogo todinha. Eu quase elouqueço. Quando cheguei, foi um choque. Até a geladeira derreteu. Eu tinha computador, com todas as minhas coisinhas, meus arquivos, não sobrou nada”, lamenta.
Segundo Neto, os bombeiros chegaram ao local em cerca de três minutos, e o fogo consumiu todo o trailler, e parte de seu carro, um Mazda Miata conversível, em cerca de sete a dez minutos. “O Bárbaro explicou aos bombeiros que ouviu um barulho em uma das tomadas, na parede entre o quarto da frente e a sala. Por isso, a perícia acha que foi um curto circuito na tomada”, explica Neto.
Ele investiu todas as suas economias na compra do trailler, e tinha gasto mais de $5 mil em obras de melhoria, no trailler de dois quartos, sala cozinha e varanda. “Fiz área de churrasco, botei piso nos quartos, fogão, pia armário, arrumei ele para viver mais dignamente aqui nos EUA. Sofremos muito, trabalhamos muito e precisamos de um lugar para descansar. Eu estava muito feliz com ele. Infelizmente aconteceu isso. Queira Deus ele vai trazer o dobro para a gente”, espera Neto.
A Cruz Vermelha ofereceu aos brasileiros três dias de estada em um hotel, além de um cartão no valor de $190 para compra de roupas e comida. “Domingo, ao meio-dia, temos que sair do hotel e já ter encontrado um lugar para morar. O problema é que todo lugar pede depósito de aluguel, e não temos de onde tirar”, diz Raquelo.
Qualquer tipo de doação é aceita pelos brasileiros que, agora, tentam reconstruir suas vidas, a partir do zero. Quem puder coloborar pode entrar em contato pelo telefone (754) 235-3591.
