A paranaense Mariclene Mello, de 48 anos, não precisava de um mês de conscientização sobre o câncer de mama para saber dos perigos da doença e a importância da prevenção. Ela perdeu sua irmã, mãe, um irmão com 20 anos de idade e outros membros da família. “Lamentavelmente minha família tem um histórico de câncer tanto do meu lado paterno quanto materno”, disse Mariclene, que vive em Deerfield Beach há dez anos.
Aos 28 anos, ela precisou retirar quatro nódulos e dois cistos do seio e desde os 29 fazia mamografia todos os anos, com exceção dos últimos dois. “Eu perdi a casa onde morava e várias casas que limpava e atualmente eu e minha filha moramos na casa de meu ex-marido que nos acolheu”, disse ela.
No dia 16, aproveitando uma promoção que o GAZETA fez em parceria com a médica brasileira Nilza Kallos, que ofereceu 20 mamografias gratuitas a brasileiras sem condições de pagar, Mariclene viu que havia chegado o momento de fazer um novo check-up. Ao fazer o exame, ela já foi logo alertada de que algo não estava bem.
“Uma semana mais tarde consegui $150 dólares para fazer a biópsia e depois recebi a notícia que temia: câncer de mama. Na hora chorei, me desesperei, mas tenho fé em Deus que tudo ficará bem. Mesmo que eu tenha que retirar o seio, o importante é sobreviver”.
Sem seguro e sem dinheiro, ela enfrenta a dificuldade inicial de conseguir tratamento e um grande dilema: Mariclene está em situação imigratória irregular e se for para o Brasil procurar o atendimento público terá que começar do zero e, o pior, ficará longe da filha. “Se eu sair daqui não poderei nunca mais voltar, nem ver minha filha, de 21 anos”, disse ela, cujo filho, de 26 anos, foi deportado para o Brasil.
Tratamento precisa começar imediatamente
Com a orientação da médica brasileira Nilza Kallos, que realizou a mamografia, Mariclene está esperando para ver se consegue iniciar o tratamento em algum hospital da região. “Estou perdida ainda, é muita coisa para se pensar”, disse ela, que tentou entrar em um seguro saúde que não a aceitou por causa do diagnóstico. “A médica me disse que meu tumor já tem mais de dois centímetros e já chega a estar debaixo do braço. Ela me alertou que talvez eu tenha que remover a mama e tudo que sei no momento é que tenho que iniciar o tratamento o mais rápido possível”.Número de mamografias excedeu
Durante o “Outubro Rosa” a médica brasileira Nilza Kallos, do Breast Health Center and Diagnostic Ultrasound, em Miami, ofereceu 20 mamografias 3D a brasileiras que não tinham condições de pagar pelo exame, que sai em torno de $300 dólares. “Esgotamos as 20 vagas e ainda atendemos outras que chegaram depois”, disse Nilza. “Vi um cisto grande e benigno, uma moça que achou que tivesse algo e não tinha nada e, infelizmente, o caso da Mariclene. Mas todas que vieram estavam muito gratas pela oportunidade, pois sabiam que tinham que fazer, mas não tinham dinheiro”.Para ajudar Mariclene
Se quiser ajudar Mariclene, entre em contato com sua filha, Atiara: (561) 235-9527. Para depósitos em conta bancária, o número da conta no em nome de Mariclene Carvalho Mello é 3953768759 (Chase) ou através da campanha no site: http://www.gofundme.com/505740.Brasileiros se mobilizam por brasileira com leucemia através das mídias sociais
Outra brasileira descobriu, na última semana, um diagnóstico que mudou sua vida, a de
sua família, e logo mobilizou centenas de brasileiros da comunidade. A carioca Adriana Matos sentiu primeiro alguns nódulos na garganta, tomou antibiótico para uma suposta inflamação, que só piorou com o tempo. Depois disso, Adriana fez exames e descobriu que estava com anemia profunda.
“Ela ficou assustada, pois havia feito recentemente um check-up no Brasil”, disse sua amiga e dona de um salão de beleza em Margate, Geneci Kunz, com quem Adriana trabalhou por quase dois meses como manicure.
Depois disso, o diagnóstico de leucemia veio rapidamente e Adriana, que não tem seguro, foi internada às pressas no Hospital de Coral Springs. Ela terminou agora a primeira sessão de quimioterapia e depois de sete dias de intervalo, médicos darão início a uma nova sessão. Adriana tem história de câncer na família e, segundo seu marido, Marcus, a estimativa inicial é de que ela precisará de 21 sessões.
Sem seguro
Adriana e sua família não tem seguro de saúde e acabaram de dar entrada no Medicaid. Ela e seu marido, que são cidadãos americanos, têm uma filha de seis anos e um filho de 16 com autismo, extremamente dependente.Marcus trabalha no Dunkin Donuts e limpa piscinas. Acontece que, no momento, enquanto espera sua sogra e irmã virem do Brasil para ajudar a cuidar das crianças, Marcus está cuidando da família inteira e sem trabalhar. “Estou fazendo funções que sempre foram dela, que conciliava as crianças ao trabalho, estou cuidando de toda a papelada para o Medicaid, que finalmente consegui organizar, e, claro, fazer companhia para que ela não fique sozinha muito tempo”, disse ele ao telefone, enquanto cozinhava. “Mas algo que está sendo fundamental é a ajuda da comunidade brasileira, que nem sei como agradecer”.
Rede social e ajuda de amigos
Geneci conhece Adriana há aproximadamente três meses, o que foi o suficiente para virar o braço direito dela e de sua família. Além de ajudar cuidando das crianças, Geneci deu a notícia no grupo “Brasileiras da Flórida”, no Facebook, o que mobilizou rapidamente um grande número de pessoas, além de fazer campanha entre os clientes de seu salão. Em poucos dias, ela conseguiu arrecadar mais de $2 mil dólares e o site www.gofundme.com, na conta Adriana Matos, já chegou aos quase 2 mil dólares em poucos dias. Eveline Reiner, gerente do grupo “Brasileiras da Flórida”, informou que membros a procuram para enviar gift cards de supermercados ou mesmo serviços, como limpeza da casa onde vivem e refeições.Marcus disse ainda, que mesmo sem seguro, Adriana tem sido muito bem tratada no hospital. “O médico me disse para não dar muito ouvidos para o que dizem sobre não ter seguro, etc. Ele disse que não está lá para que ela melhore, mas para que se cure”, contou Marcus.