As empresas familiares constituem a mais antiga e mais disseminada forma de organização de negócios. Em muitos países, as empresas de família representam uma parcela considerável de todas as companhias em operação, desempenhando um papel-chave na criação de empregos e no crescimento das economias nacionais.
Os negócios de família apresentam escalada variada, indo desde companhias de pequeno e médio porte até conglomerados que operam em diversos setores e países. Entre as maiores, alguns nomes mais conhecidos mundialmente são: Salvatore Ferragamo, Benetton e Grupo Fiat, na Itália; L’Óreal, Grupo Carrefour, LVMH e Michelin, na França; Samsung, Hyunday Motor e Grupo LG, na Coreia do Sul; BMW e Siemens, na Alemanha e finalmente Ford Motors e Wal-Mart, nos Estados Unidos.
Também é um fato conhecido que a maioria das empresas familiares sobrevive por um período muito curto após deixarem de ser dirigidas por seus fundadores, e que cerca de 95% delas não sobrevivem à terceira geração de proprietários. Essa alta taxa de fracasso entre empresas familiares é atribuída a uma mutiplicidade de razões. Algumas são as mesmas que poderiam fazer com que qualquer negócio fracassasse, como, por exemplo, má administração, falta de caixa para financiar o crescimento, controle inadequado de custos, situação do setor e outras condições macroeconômicas. Entretanto, as empresas familiares também mostram algumas fraquezas que são pertinentes à sua própria natureza. Alguns desses pontos fracos são:
• Complexidade: As empresas familiares são geralmente de governança mais complexa do que as semelhantes não familiares, devido à adição de uma nova variável – “a própria família”. Acrescentar as questões e emoções típicas de uma família aos negócios aumenta os riscos na gestão do negócio.
• Informalidade: Devido ao fato de que, em sua maioria, tais famílias dirigem elas mesmas os seus negócios (pelo menos durante a primeira e segunda gerações), geralmente há muito pouco interesse em estabelecer práticas e procedimentos de negócios claramente articulados. À medida que a família e a empresa vão crescendo, essa situação pode levar muitas ineficiências e conflitos internos que podem por sua vez ameaçar a continuidade do negócio.
• Falta de Discilplina: Muitas empresas familiares não prestam atenção suficiente a áreas estratégicas cruciais tais como: planejamento da sucessão do CEO (Diretor-Presidente) e dos ocupantes dos outros principais cargos da administração, emprego de membros da família na companhia, e dificudade de atrair diretores capacitados vindos de fora.
Mas as empresas familiares podem melhorar suas chances de sobrevivência implantando estruturas de governança adequadas e iniciando o mais cedo possível um processo planejamento sucessório e de educação das novas gerações nesta área. Torna-se então indispensável estabelecer uma clara estrutura de governança familiar, que traga disciplina entre os membros da família, prevenindo potenciais conflitos e assegurando a continuidade do negócio. Para funcionar bem, a estrutura de governança familiar deve principalmente visar os seguintes pontos:
• A comunicação dos valores da família, sua missão e visão de longo prazo, para todos os membros.
• Manter os membros da família (especialmente aqueles que não estão diretamente envolvidos com a gestão dos negócios) informados e atualizados sobre os principais desafios, realizações e rumos estratégicos da empresa.
• Estabelecer canais formais de comunicação que permitam aos membros da família compartilhar ideias, aspirações e preocupações.
• Montar uma estrutura formal (procedimentos e práticas de gestão) que permita à família reunir-se e tomar todas as decisões e transferir as discuções do almoço de domingo para a sala de reuniões da empresa”.
Finalmente, estar comprometido em fazer o negócio crescer, prosperar e ser transmitido às novas gerações e ter orgulho do nome e reputação associados a seus produtos e serviços, devem ser os maiores objetivos dos fundadores das empresas familiares.
