Por Gene de Sousa
Marcelo Maldonado Gomes Peixoto ou Marcelo D2, Nascido em 1967, num hospital em São Cristóvão, cresceu em Maria da Graça e aos 9 anos foi morar no Andaraí (sua casa não era no morro, ficava no asfalto), mas era vizinho da marginalidade. Até a sexta série foi bom aluno, mas um dia foi expulso, começou a zoar e foi nessa época que seus pais Dark Gomes Peixoto e Paulete se separaram, Marcelo ficava até 72 horas sem aparecer em casa, roubava, fumava, cheirava e bebia cachaça, foi quando seu pai foi até a casa onde D2 morava com a mãe, esperou o menino chegar e como diz Marcelo: “ Ele me deu um socão na cara e disse: Vou te bater como homem, você está zoando o barraco da sua mãe!" A partir daí, aos 13 anos, Marcelo começou a se emendar e trabalhar, foi entregador de jornal, office boy, porteiro, servente de botequim, vendedor de loja de móveis, camelô, faxineiro de uma casa de shows sub-underground.
Sua mãe casou-se novamente e ele foi morar no Catete com seu pai, saída estratégica pois a maioria dos camaradas de sua idade estava virando traficantes e alguns deles morrendo.
Serviu ao exército e casou-se aos 19 anos, Sonia tinha 16 anos, foi paixão mesmo, Stephan foi pintar 5 anos depois. A crise aperta e mesmo se empenhando em seu trabalho (na loja de móveis) não foi suficiente. Eles acabaram viajando para Maringá, interior do Paraná, onde a família da mina tinha negócios, mas não funcionou e Marcelo acabara de volta ao Rio.
Um encontro casual entre D2 e Skank, pelas ruas do Catete, foi a semente do grupo. D2 usava uma T-shirt do Dead Kennedys e Skank, vendedor e artesão de camisetas de Rock, deu início a um diálogo e daí nasceu a amizade e vocação. Skank falava de música todo o tempo. Nesse momento D2 resolveu que queria ser músico. A Banda não era pra ser de rap e sim de rock, mas eles não sabiam tocar nada e queriam cantar.
O nome da banda foi tirado da revista americana High Times, especializada em cannabicultura. Mais tarde, se juntaram à Skank e D2, Rafael (guitarra), Formigão (baixo) e Bacalhau (bateria).
Quando Skank morreu foi abalo geral, e quase significou o fim da banda, mas Marcelo ficava imaginando, que outra coisa faria senão cantar? Um mês depois estava fazendo show em BH. Já de contrato assinado com a Sony, gravando o 1º disco, D2 se envolveu numa confusão após um show no circo voador, acabou rompendo tendão, ligamentos, artérias (após dar um bico no Blindex) desmaiou, perdeu 1/3 de sangue e levou 135 pontos. Depois dessa sossegou e a pedido da mãe, diz ter sido este o último dia que bebeu cachaça.
Em junho de 94 a perda do amigo Skank marcou profundamente a vida e a carreira de D2, que criou o selo Positivo para ajudar no tratamento de crianças portadoras do vírus HIV. Skank era o vocalista do Planet Hemp no início desta década. Mesmo com uma verdadeira legião de fãs, a banda circulava apenas no circuito alternativo carioca.
Skank suou a camisa em shows em todos os lugares possíveis e inimagináveis, mas não viu a dimensão que o Planet ganhou. O CD “Usuário” (95) foi dedicado a ele e vendeu 300 mil cópias e o segundo, “Os Cães Ladram mas a Caravana não Pára” (97), ultrapassou o anterior em 50 mil unidades.
No álbum de estréia de sua carreira solo, Marcelo D2 mais uma vez deixa de lado apologias ou demagogias. Produzido pelo próprio D2, Zé Gonzales e Rodrigo Nantes, Eu Tiro é Onda (98) é quase sua biografia. Conta sua história em “1967 (cifrada)”, fala o que quer na faixa-título e diverte quem é bom da cabeça, sem preconceitos, com “Samba De Primeira”.
Nem poderia ser diferente. Marcelo D2 passa de Lady Zu a Mestre André, apagando de uma vez a idéia de que quem gosta de hip hop não pode gostar de samba e vice-versa. Passando da Zona Norte à Zona Sul, da Leste à Oeste, o CD manda bem como passaporte e garante passe livre entre os ritmos às próximas gerações. O Cd “A Procura da Batida Perfeita” de 2003, é um marco divisor de águas no hip-hop brasileiro e na MPB.
Misturando samba com hip-hop, rap e outras tendências contemporâneas, Marcelo D2 mostra todo seu talento, homenageando, como ele mesmo diz, os “verdadeiros arquitetos da música brasileira”. Pra quem gosta de música bem-feita, pode adquirir que é no tiro certo no alvo. Agora Marcelo D2 ja rodou o mundo com seu samba e hip hop a prepara mais um CD para todos desfrutarem.
Vamos ter a chance de conferir as novas músicas e os antigos sucessos no Homestead-Miami Speedway no dia 26, logo depois do Toyota Indy 300.